Investigação policial feita por rede social é premiada

O 6º Prêmio Polícia Cidadã, promovido pelo Instituto Sou da Paz, será entregue nesta quarta, 10, à noite a três iniciativas

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

Em meio a recorrentes aumentos dos índices de roubo no Estado, o Instituto Sou da Paz premia, na noite desta quarta-feira, 10, as melhores iniciativas policiais para combater esse tipo de delito. O 6.º Prêmio Polícia Cidadã vai, neste ano, para duas iniciativas da Grande São Paulo e uma de Bauru, no interior, que trouxeram as soluções mais inovadoras para a redução dos roubos.

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O prêmio principal será para um sistema que cruzou informações dos Leitores Automáticos de Placas (LAPs) dos radares de Guarulhos com informações da polícia sobre roubo de veículos. 

Desde maio, cada vez que um carro com queixa de roubo ou furto passa pelos radares - que, assim como na capital, têm tecnologia para identificar todas as placas, não só aquelas de veículos que excedem o limite de velocidade - um aviso é disparado para as viaturas da PM a até 10 quilômetros de distância. “Já recuperamos 89 veículos. E o importante é que foi possível prender mais de 140 pessoas”, diz o capitão da PM Douglas Shoichi Sano, que coordenou a implementação do sistema e receberá o prêmio.

Capitão Douglas Sano é um dos premiados Foto: Ivanildo Porto/Guarulhos Hoje

Houve tentativas de promover integração em outras cidades, mas uma série de dificuldades técnicas impediu o avanço da ideia. A equipe de Sano superou os problemas em parceria com a prefeitura de Guarulhos, integrando radares e polícia em 33 pontos. Agora, o projeto deve seguir para a capital, que tem mais de 840 radares.

Capital. A segunda iniciativa vencedora é da capital paulista. Também é resultado da integração entre os sistemas policiais já existentes com novas ferramentas, no caso, as redes sociais. Mas, desta vez, voltadas para o trabalho de investigação.

No fim de 2011, a região do Brooklin, na zona sul, registrava um caso de sequestro relâmpago a cada dia, segundo o investigador da Polícia Civil Luís Fernando Ferreira de Souza. O trabalho da polícia apontava para um mesmo grupo de suspeitos. “A diferença na investigação é que cruzamos as informações dos nossos sistemas com as redes sociais”, explica o policial.

Ao identificar os primeiros suspeitos, os policiais passaram a segui-los no Facebook e coletar fotos dos investigados. “Eles colocavam fotos em baladas, na praia, com mulheres, esbanjando”, diz Souza. “Conseguimos formar uma teia de suspeitos, com banco de fotos, com imagens das redes sociais. Então, começamos a chamar as testemunhas para que fossem reconhecidos.” A ação resultou em mais de 30 prisões. A quantidade de provas coletadas permitiu que todos fossem condenados. O caso ficou conhecido como a “gangue dos playboys”. 

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Ambiental. Em Bauru, a experiência vencedora foi uma iniciativa que associou as atividades de patrulhamento da Polícia Militar Ambiental com ações de prevenção e repressão a crimes comuns. Os policiais ambientais passaram a trocar informações sobre delitos que a Polícia Civil colhia em suas áreas de atuação e fazer patrulhamento misto, voltado principalmente para coibir a prática de roubo.

Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz, diz que os projetos são escolhidos por uma comissão independente. “São policiais de outros Estados”, afirma. Além de premiar em dinheiro, o instituto homenageia projetos com menções honrosas e dá prêmio para uma categoria eleita por voto.

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