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Instalação no elevado trará nova ideia de espaço público

Especialista da USP diz que novo uso de empenas do Minhocão representa quebra de tabu, ao pôr carros em segundo plano

Por Monica Reolom
Atualização:

SÃO PAULO - A instalação do corredor verde no Minhocão, no centro da capital, revela contradições entre duas propostas distintas de cidade, segundo o arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik. “As cidades grandes no século 20, principalmente São Paulo, foram construídas sacrificando seus espaços públicos em nome do ‘rodoviarismo’, fazendo desaparecer a vida que antes existia ali”, diz o professor da Universidade de São Paulo (USP).

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Hoje, afirma Wisnik, os projetos para as metrópoles estão no polo oposto à valorização do automóvel individual e ao sacrifício de espaços como parques e praças. “É muito simbólico fazer jardins verticais no tabu (no Minhocão), no lugar que foi o grande trauma da cidade.”

Wisnik foi curador da Bienal de Arquitetura em 2013 - que teve uma exposição chamada High Line em um apartamento com vista para o Minhocão. No local, pôde ser conferida a trajetória da construção do parque aberto em uma via férrea abandonada em Nova York.

A mostra levou o professor a se aproximar do Movimento 90° e a se tornar um apoiador do projeto do corredor verde. Ele até gravou um depoimento para o vídeo do grupo sobre o jardim vertical instalado no Largo Padre Péricles no ano passado. “O resultado desses painéis é como uma invasão verde. As empenas cegas são um resquício que a Lei Cidade Limpa revelou. São elementos mudos, meio tumulares, e é legal que eles se transformem em algo vivo. Esse choque de mundos vem trazer uma nova ideia de espaço público”, diz.

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