Inquérito do MPE cita oito casos de estupro na Fmusp

Alunas da faculdade de medicina da USP denunciaram, nesta terça, casos de estupro em festas organizadas por alunos da instituição

PUBLICIDADE

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Atualizada às 20h28

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - Inquérito aberto pelo Ministério Público Estadual (MPE) para investigar casos de violência sexual e agressão às mulheres e homossexuais na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) menciona oito estupros nos últimos anos. Nesta quarta-feira, 12, a FMUSP anunciou que vai criar um órgão para lidar com os problemas relacionados aos direitos humanos.

O documento do MPE mostra que as vítimas, que relataram episódios anonimamente, afirmaram que não houve “suporte” da diretoria, que deixou de dar prosseguimento a procedimentos administrativos de apuração. Na terça, em audiência na Assembleia Legislativa (Alesp), duas jovens afirmaram terem sido estupradas em festas organizadas por veteranos da Medicina. Uma delas vem recebendo ofensas e ameaças. Ela postou em uma rede social as imagens com as palavras de ódio.

As jovens. Segundo elas, nenhum dos casos foi apurado Foto: Márcio Fernandes/Estadão

“Não são casos pontuais. Desde o início me chamou a atenção esse caráter coletivo, a cultura de violação aos direitos”, afirmou a promotora Paula Figueiredo, de Direitos Humanos. De acordo com ela, o objetivo do inquérito é buscar mecanismos para reforçar, por meio de campanhas, uma mudança de estrutura interna que acabe com essas ocorrências. 

Conforme o inquérito, as vítimas relataram que houve tentativa de “ocultar os casos” para “evitar exposição da imagem da universidade”. Uma das vítimas, que chegou a relatar anonimamente o episódio em que foi estuprada, afirmou que tem sido humilhada. 

O inquérito ainda cita dois casos concretos de discriminação contra homossexuais da Faculdade de Direito em festas da FMUSP - como foi relatado pelo Estado à época. Um jovem, que pediu para não ser identificado, disse ter sido impedido de entrar em uma ala da festa Carecas no Bosque, que só aceitava casais heterossexuais. Outro rapaz foi expulso da festa pelo mesmo motivo. 

A promotora pediu à USP que informasse todas as notícias recebidas nos últimos cinco anos relacionadas a violações sexuais ou discriminações, além de detalhar mecanismos de punição. O prazo de resposta já se esgotou, mas Paula espera retorno ainda nesta semana.

Publicidade

Centro. A FMUSP anunciou que criará um Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que terá assistência jurídica, ouvidoria, assistências psicológica e de saúde. As denúncias que chegarem à universidade, mesmo anônimas, serão apuradas pelo órgão, que deverá punir os agressores pelo regimento da USP. 

O equipamento já seria discutido desde 2013 por uma comissão de professores. Há ainda, segundo a FMUSP, sindicâncias abertas para as denúncias. A nota oficial fala de ampliação dos sistemas de vigilância, estabelecimento de regras para o consumo de álcool no interior da faculdade e continuação do trote solidário para calouros.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.