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Início do policiamento comunitário na USP passa despercebido para alunos

Câmpus está mais vazio por causa de recesso acadêmico; secretário diz que conselho de segurança começa a funcionar neste mês

Por Felipe Resk e Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - O primeiro dia do policiamento comunitário no câmpus Butantã da Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste da capital, passou despercebido para a maioria dos alunos que circularam pela Cidade Universitária nesta quarta-feira, 9. O novo modelo começou durante uma semana de recesso no calendário acadêmico, o que deixou o câmpus bem mais vazio.

Policiamento comunitário começa em semana de recesso acadêmico na USP Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

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Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), 34 policiais militares passaram a atuar na Cidade Universitária a partir desta quarta. Em três horas no câmpus, a reportagem viu ao menos quatro motos e duas viaturas, mas sem circulação intensa de PMs.

Entre o fim da manhã e o começo da tarde, uma viatura ficou próxima à portaria 1 e outra perto do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (Fofito). A adoção do policiamento comunitário após o estudante Alexandre Cardoso, de 28 anos, ter sido baleado perto da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas no começo do mês.

Guardas universitários ouvidos pela reportagem afirmaram que houve pelo menos um roubo de bicicleta nesta quarta-feira. A PM e a universidade não informaram qual foi o total de ocorrências registradas nem quantos agentes atuaram nesta quarta. Os uniformes especiais para os PMs da patrulha comunitária ainda não ficaram prontos. Somente parte dos policiais eram do perfil descrito pela SSP para a função: jovens, com idade próxima a dos universitários. 

Opiniões. Favorável à presença da polícia no câmpus, a aluna Stephanie Acuña, de 21 anos, não percebeu mudanças no patrulhamento. "Não vi nada de diferente", diz ela, do Instituto de Biociências. "É bom ter a PM no câmpus porque existem vários lugares vazios, escuros. Temos medo de assaltos e de estupros", explica. "Quando tenho aula à noite, por exemplo, peço ao meu pai me buscar."

Já a estudante de Filosofia Elizete Waughan acredita que a medida é equivocada. "Por que precisam ser PMs nessa função? Poderiam aumentar o número de guardas universitários e treinar esse grupo para o policiamento comunitário", questiona ela, de 23 anos, que também não percebeu mudanças no policiamento. O movimento estudantil teme que a polícia reprima manifestações. A SSP diz que a orientação é não intervir nesses casos. 

Outros alunos ainda não decidiram se o reforço da PM no câmpus é a melhor opção. "Acho que a PM, de alguma forma inibe crimes. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem medo da polícia lá fora [do câmpus]", afirma Nathália Castanho, aluna de Ciências Contábeis, de 22 anos. 

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Conselho. Também começará neste mês o conselho de segurança (Conseg) da Cidade Universitária. "Vamos publicar ainda nesta semana a criação do Conseg USP, pedindo as indicações paritárias dos estudantes, professores e funcionários para em setembro realizar a primeira reunião e a primeira audiência publica com ampla participação acadêmica", disse o secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes.

O funcionamento do novo modelo de policiamento, segundo ele, ainda depende da montagem de uma base comunitária da PM, inicialmente prevista para ficar entre a reitoria e a Praça do Relógio. "Em um primeiro momento, a USP havia cedido salas da superintendência [de Segurança], que estavam vazias, para que a gente pudesse montar uma base comunitária. Essa sala se mostrou inconveniente, então precisamos verificar uma nova base que hoje mesmo [quarta-feira) deve estar acertada. A partir dessa base provisória, já podemos começar 100%", disse. 

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