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Ideias para um mundo mais pesado

Por JAIRO BOUER
Atualização:

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última semana mostram que a maioria da população adulta enfrenta excesso de peso no País. O número saltou de 43% para 52,5% em menos de uma década, crescimento de 23%. A pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), feita no início de 2014, entrevistou mais de 40 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal. Dos brasileiros com excesso de peso, 17,9% enfrentam a obesidade. Excesso de peso foi mais detectado nos homens, nas faixas etárias mais velhas e nas pessoas com menor escolaridade. Apesar dos números elevados, o Ministério da Saúde aponta que o Brasil apresenta uma tendência de redução do ritmo de crescimento do sobrepeso e da obesidade. Uma das ideias possíveis nesse cenário é investir mais em informação, acesso a alimentação saudável e exercícios rotineiros para os segmentos menos informados da população. Criando-se uma cultura de cuidado com o corpo e com a saúde, é possível pensar que nesses grupos as taxas de excesso de peso diminuiriam, a exemplo do que já acontece com as populações mais escolarizadas. Aliada à falta de atividade física regular em uma parcela considerável da população, a alimentação pouco saudável é outro ponto fundamental nessa equação de ganho de peso. Esses podem ser dois focos importantes de ação! Além dos adultos, crianças e adolescentes também enfrentam sobrepeso e obesidade. Os sedentários (que ficam horas na frente da TV e quando estão "online") e aqueles que comem mal têm chance muito maior de acumular quilos extras ao longo da vida. O jornal inglês Daily Mail da última semana traz uma matéria que discute se, em um momento em que boa parte do mundo enfrenta uma verdadeira epidemia de obesidade, não seria importante tornar mais rígidas as leis que regulam a exposição das crianças aos produtos da indústria de alimentos do tipo fast-food e das bebidas açucaradas, como os refrigerantes. Para alguns especialistas, a exemplo do que já acontece com álcool e cigarro, as propagandas de alimentos calóricos ou pouco saudáveis deveriam ficar restritas a horários especiais, mais tarde na grade (quando menos crianças estão ligadas). Na mesma linha de raciocínio, alguns já defendem que esses alimentos não deveriam patrocinar atividades apreciadas por crianças, como circos, atrações turísticas, parques de diversão e espetáculos infantis. Se na televisão a regulamentação é precária, o que pensar da internet, em que praticamente não há controle? Ainda segundo o jornal, uma pesquisa recente da British Heart Fundation, que ouviu 2 mil pais, mostrou que quase 40% deles se sentem pressionados pelos filhos a comprar produtos alimentícios no supermercado após a exposição da criança à propaganda dos mesmos. Mais sensíveis e influenciáveis, os pequenos podem se tornar vítimas fáceis da publicidade. Hoje, no Reino Unido, dois terços da população está com sobrepeso e um quarto, obesa. Outro artigo da última semana, do jornal canadense The Globe and Mail, defende estimular a prática de atividade física na escola, por outra via que não apenas a do combate ao sedentarismo e à obesidade. O trabalho mostra que crianças que fazem exercícios físicos regulares podem ter um melhor desempenho na escola. A atividade parece melhorar o controle da atenção, da cognição e da resposta resolutiva. Nesse sentindo, o estímulo poderia ser: que tal se mexer mais para tirar melhores notas, além de garantir mais saúde e menos peso? *É PSIQUIATRA

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