Ibirapuera vira ponto de encontro para a prática de esportes

Estrutura oferecida pelo parque atrai diversidade de modalidades e de pessoas em busca de confraternizar, malhar e se divertir longe do estresse de São Paulo

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Por Juliane Freitas 
Atualização:

Na grama, no concreto ou na terra, milhares de pés - e rodas - pisoteiam, aos saltos, trotes ou solavancos o terreno do Parque Ibirapuera. Da caminhada ao cooper, do futebol ao hóquei, do skate ao mahamudra, o incessante ritmo paulistano se reflete entre os muros do espaço verde mais frequentado de São Paulo.

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O cenário é democrático. Todo mundo se encontra. O objetivo é comum: se divertir, aproveitando o que a cidade oferece de graça, mexer o corpo e deixar o estresse do lado de fora. Para o presidente do Grupo de Vôlei Parque Ibirapuera, Allan James, a atividade começou como uma terapia. Há cerca de três anos, o analista de sistemas, hoje com 33, buscava superar a perda da mãe. Escolheu o lugar onde passeou com ela pela última vez.

"Precisava sair daquela depressão, então montei com dois amigos uma rede. No começo não tinha ninguém, jogávamos um vôlei bem modesto e íamos chamando principalmente os corredores do parque. E aí foi crescendo aos poucos. Com muita luta fomos achando quem já praticava."

Com organização e regras, o grupo se consolidou. No Facebook, informações sobre os encontros foram ganhando dimensão. Hoje são 960 participantes. O número de assíduos é bem menor, mas eles levam bem à sério o compromisso. Marcam ponto todo domingo e a exigência existe, sim, revela o líder. O estresse da competição acontece, mas fica no jogo.

"O pessoal de domingo tem uma amizade bem forte, um frequenta a casa do outro e tem a liberdade de zoar. A gente tenta, pós-quadra, esquecer os atritos. O grupo hoje é enorme graças ao pessoal. Não recordo de um domingo não ter havido jogo".

O hábito virou paixão para Allan, que sequer acompanhava vôlei cinco anos atrás. Quem quiser entrar para o time é bem-vindo, não há panelinha. O resultado vem na qualidade de vida. Acordar cedo aos domingos é uma rotina que não incomoda o presidente.

"Levanto às 6h para vir jogar e não tenho dificuldade, porque é um prazer. Pegamos o respeito do pessoal em volta, porque antes aqui era uma quadra de basquete. Sempre trago minha caixa de som, essa é uma coisa minha, e a gente joga ouvindo alguma música. O nosso objetivo é se divertir, praticando esporte".

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Não é preciso andar muito para encontrar outros grupos semelhantes. Na quadra ao lado ao point fixo do Allan, Rafael Santos, de 24 anos, costuma aparecer todos os fins de semana para jogar basquete. É sempre com alguns amigos que o barman vai ao parque em busca de outros interessados em brincar. E acaba encontrando ex-atletas, como o fisioterapeuta Álvaro Miranda, que integrou times e chegou a participar de campeonatos por 14 anos.

"A gente chega mais cedo para formar grupos e sempre tem um diferente", diz Álvaro, que considera a prática do esporte essencial para sua qualidade de vida. "Tudo melhora, a disposição, o condicionamento físico".

Rafael, que joga há 10 anos, considera o Parque Ibirapuera o lugar ideal para a atividade. "Se dissesse que tem algo para melhorar, seria a segurança, porque aqui tem assalto, mas o parque dá tudo para nós".

As condições são favoráveis também para quem explora modalidades menos comuns. Uma das áreas gramadas do Ibirapuera vem atraindo praticantes de slack line - uma espécie de corda bamba - graças à instalação de pequenos postes, ideais para prender a aparelhagem. Tadeu Drub, de 24 anos, trabalha com sistemas da informação durante a semana, e, nas horas livres, frequenta o point, que já precisa de mais tocos, pois o grupo está crescendo.

"Faz mais ou menos dois meses que nos juntamos para vir para cá. Somos sempre os mesmos, mas sempre aparece alguém querendo participar. Hoje somos mais ou menos em 10. Comecei a praticar há sete meses e é um hobby".

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