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Henrique Schaumann e Rebouças terão ciclovia; via exclusiva da Radial irá até o centro

Prefeitura prevê remanejar 12 km e criar 173 km de novos espaços exclusivos para bicicleta até o fim de 2020

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Por Renata Okumura
Atualização:
Serviços incluem aplicação de tachões e pinos e pintura vermelha apenas na aproximação de travessias Foto: DANIEL TEIXEIRA/ ESTADAO

SÃO PAULO - A Prefeitura anunciou nesta sexta-feira, 13, o novo Plano Cicloviário de São Paulo, que prevê a criação de ciclovias nas Avenidas Henrique Schaumann e Rebouças, na zona oeste da cidade, para conectar as já existentes nas Avenidas Sumaré, Paulista e Brigadeiro Faria Lima, chegando até a Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul. As obras devem ser iniciadas nos próximos dias.

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Também é previsto o remanejamento de 25 vias, em um total de 12 quilômetros. O prazo de conclusão apresentado é o fim do mandato do prefeito Bruno Covas (PSDB), em dezembro de 2020.

"Esse plano reconhece a bicicleta como importante modal de transporte da cidade, cada vez mais integrado ao sistema viário e aos serviços públicos. As novas conexões também foram pensadas no sentido de levar os usuários aos pontos de interesse da cidade", afirmou o secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caram.

"Acredito que o plano foi pensado principalmente para o deslocamento de pessoas que utilizam a bicicleta para chegar até a estação de metrô ou terminal de ônibus, pois a Prefeitura cita a interligação com o transporte público", avalia Willian Cruz, do grupo Vá de Bike.

Para Cruz, a proposta é muito boa, no entanto, ciclistas ainda estão apreensivos com as vias que serão remanejadas. "Tiradas de um local para serem colocadas em outro local. A gente espera que compensação seja feita seguindo o mesmo trajeto. É preciso verificar se a ciclofaixa não é muito utilizada ou se ficam carros estacionados em cima irregularmente atrapalhando a passagem dos ciclistas, que acabam usando outras ruas."

Ciclovia da Radial Leste Foto: Paulo Pinto/Estadão

Segundo a Prefeitura, para criar o novo projeto, foram avaliadas a falta de integração com outros modais de transporte público, equipamentos públicos e a própria malha viária existente.

A estrutura existente na Rua Professor Gustavo Pires de Andrade, na zona leste, deixará de existir. Em contrapartida, serão construídas novas conexões nas Avenidas Professor Luís Inácio de Anhaia Mello e Doutor Francisco Mesquita, chegando até o Terminal Sacomã, na zona sul.

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"Tudo que está no plano foi discutido com a sociedade civil. Sobre remanejamentos, na Avenida Duque de Caxias (centro), estamos tirando a ciclofaixa das bordas e trazendo ao canteiro central, para devolver a via ao comerciante", disse Caram.

"No caso da Duque de Caxias, vai proteger mais o ciclista, contentar os comerciantes e permitir a criação de zona azul", disse Cruz.

O secretário municipal de Governo, Mauro Ricardo, afirmou que a Prefeitura reavaliou as ciclovias que foram implantadas "sem qualquer conectividade com outro equipamento público" ou outras ciclofaixas.

"Todo quilômetro retirado, no entanto, será compensado", afirmou Ricardo.

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"A divulgação do plano é um avanço, mas ainda queremos entender o que significa o 'remanejamento de 12 quilômetros'. A bicicleta é um modal que retomou seu espaço na cidade e muito importante para a matriz de transporte de qualquer cidade. Vamos acompanhar a execução de todas as obras", afirmou Aline Cavalcante, diretora de participação pública da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade).

Aline acredita que o novo plano prioriza o deslocamento de bicicleta ao trabalho. "De fato é para o trabalho porque as estruturas estão conectadas com transporte coletivo e já há possibilidade de aumentar número de paraciclos e bicicletários. Mas lazer não pode ser deixado de lado. Poderiam fazer as duas coisas".

Promessa de mais de 100 km de ciclovias novas até o fim de 2020

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A gestão Covas pretende passar dos 503 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas existentes para 676 até o fim de 2020, com 173 novas conexões - 73% serão interligadas ao transporte público.

"Vamos fazer a conectividade das ciclovias que foram, segundo o prefeito Bruno Covas, 'espalhadas tipo orégano em pizza'. Estamos dando funcionalidade ao que foi feito anteriormente, conectando-as com terminais de ônibus, estações de metrô e espaços públicos", disse Ricardo.

Vamos fazer a conectividade das ciclovias que foram, segundo o prefeito Bruno Covas, 'espalhadas tipo orégano em pizza'

Mauro Ricardo, secretário municipal de Governo

A ciclovia da Radial Leste, que liga as estações do Metrô Corinthians-Itaquera e Tatuapé, ganhará 5,7 quilômetros e chegará até o centro da cidade, no Parque Dom Pedro II.

Dos 310 quilômetros previstos para serem reformados, 60 já foram entregues. No mês passado, o Estado revelou que somente nove quilômetros tinham sido entregues em dois meses e meio, desde o começo dos trabalhos em agosto.

A reportagem também mostrou que ciclistas que usaram os trechos revitalizados elogiaram a nova estrutura, mas se queixaram da falta de sinalização em vias apagadas e de divulgação de um cronograma detalhado.

O plano cicloviário prevê investimento de R$ 325 milhões, acompanhado do projeto de recapeamento que conta com recursos de R$ 250 milhões.

Segundo a Prefeitura, para ser criado, foram realizadas dez audiências públicas e dez oficinas participativas organizadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e pela Câmara Temática de Bicicleta (CTB).

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A lista das obras concluídas, previstas e em andamento está disponível no site da Prefeitura.

Novo modelo

Os serviços incluem a renovação do pavimento asfáltico e a aplicação do novo padrão de sinalização com pintura vermelha apenas na aproximação das travessias. Também são instalados tachões a cada metro.

Em novembro, a CET afirmou que a linha de bordo está sendo feita, de modo emergencial, para alertar motoristas sobre a continuidade da existência da ciclofaixa.

Diferentemente da antiga pintura no asfalto, que era por toda a extensão em vermelho e com tachões e pinos de segurança, o novo padrão apresenta pintura vermelha só nos 10 metros de aproximação com os cruzamentos.

No restante da faixa, são desenhados símbolos de bicicletas no asfalto e linhas de bordo (vermelha e branca) dividindo o espaço entre bicicletas e carros. Tachões amarelos são instalados a cada metro da via, em cima da faixa branca, podendo variar de acordo com o projeto.

Paraciclos

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O decreto sobre a instalação de paraciclos em equipamentos públicos deve ser publicado na próxima semana.

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