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Helicóptero ameaça salto de paraquedas

Aeronaves têm cruzado área de prática em Boituva. Entidade emite alerta a pilotos

Por Nataly Costa
Atualização:

Helicópteros que partem da cidade de São Paulo para o interior têm cruzado irregularmente o espaço aéreo do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) de Boituva, a 122 quilômetros da capital. A cidade é conhecida por concentrar mais de 80% da prática de paraquedismo no País.O maior problema é a localização do CNP, às margens da Rodovia Castelo Branco que, por sua vez, é uma rota de helicópteros. Algumas dessas aeronaves rumo a cidades como Tatuí e Avaré acabam cruzando o centro, que abriga 17 escolas e clubes de paraquedismo. Depois de ouvir reclamações de quem trabalha em Boituva, sobretudo nos fins de semana, quando o movimento de paraquedistas é maior, a Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe) lançou comunicado a comandantes. Todos os pilotos foram orientados a se afastar 5 milhas do CNP e, se for cruzar a área ou mesmo pousar ali, informar que vão fazê-lo ao coordenador de tráfego da área - o centro tem um funcionário nessa função. Pilotos que trabalham em Boituva e funcionários de escola de paraquedismo lembram, porém, que já existe o Notam - espécie de alerta permanente emitido pelas autoridades aeronáuticas - para a região, que determina o afastamento dos helicópteros da área de saltos em Boituva. A notificação é desrespeitada.No comunicado, a Abraphe diz: "Fomos informados pelo safety de Boituva que estão ocorrendo diversos cruzamentos de helicópteros na área de Boituva, sem contato bilateral com as aeronaves de lançamento de paraquedistas na região". Piloto de um desses aviões que lançam paraquedistas na cidade, Moysés Albertini, de 34 anos, conta que partiu dele e dos pilotos da região a iniciativa de procurar a Abraphe. Riscos. "Todo fim de semana tem um cruzamento de helicóptero ali. Estávamos na iminência de um acidente", diz Albertini. "São dois perigos: o choque entre aeronaves e o risco de a esteira de vento deixada por um helicóptero derrubar um paraquedista em salto. É uma roleta-russa". Em um dos acontecimentos recentes, um helicóptero entrou na área de paraquedismo e fez um pouso sem avisar. Em outro, uma aeronave que seguia para Avaré cruzou a área, também sem nenhum tipo de comunicação. "Não acredito que pilotos profissionais façam isso, mas proprietários que acabaram de tirar habilitação. Na aviação também tem os 'domingueiros'", diz Albertini, referindo-se aos motoristas (e pilotos) que só dirigem ou comandam a própria aeronave nos fins de semana.O presidente da Abraphe, Rodrigo Duarte, não quis se manifestar, mas confirmou o teor do comunicado emitido.

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