Haddad vai desapropriar 41 prédios para habitação popular

Gestão estima gastar R$ 220 milhões neste ano em toda a cidade para transformar edifícios ocupados em condomínios residenciais

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

SÃO PAULO - A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) avalia que reformar os prédios ocupados no centro de São Paulo e transformá-los em moradias populares é uma forma de revitalizar a região. “Queremos adquirir 41 prédios, muitos estão ocupados de forma organizada há muito tempo. Agora, ocupação com menos de um ano não vai ficar”, afirmou ao Estado José Floriano, secretário municipal de Habitação.

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De sua janela no 22.º andar do Edifício Martinelli, na região central, o secretário tem visto as recentes manifestações promovidas por sem-teto na cidade. Ele diz que o governo atual considera legítimos os protestos e a forma de organização dos movimentos de moradia. “Há movimentos muito organizados, que realmente conseguem fazer um papel social importante ao acolher pessoas de baixa renda sem casa para morar. E tem movimentos que surgiram só agora, que querem credenciamento para construir casas do Minha Casa Minha Vida”, diz Floriano.

Dez prédios na região central, quatro deles ocupados hoje por sem-teto, estão sendo comprados ou já pertencem ao governo municipal. 

 

A Ocupação Mauá, na Luz, e a Ocupação Prestes Mais, na mesma região, vão virar moradia definitiva para os sem-teto, adiantou o secretário ao Estado. Outros dois prédios tombados pelo patrimônio histórico, o Hotel Lorde, na região de Santa Cecília, e o Hotel Cambridge, na Bela Vista, serão revitalizados e transformados em conjuntos populares.

Para os estrangeiros, porém, ele garante que não haverá exceções. “Só para quem mora no país legalmente há mais de cinco anos e tem família. Não temos como atender todo mundo. E não podemos abrir exceções”, justifica Floriano.

Para viabilizar a moradia no centro com financiamento de R$ 72 mil do Minha Casa Minha Vida, o governo municipal vai fazer um aporte de R$ 20 mil por imóvel, valor igual ao que será depositado pelo governo estadual. Além disso, entram os custos de revitalização de cada prédio. Para 2014, a Prefeitura estima gastar R$ 220 milhões em desapropriações – no ano passado, os gastos para comprar áreas particulares do governo foram de R$ 80 milhões.

“Cada apartamento no centro vai custar R$ 200 mil, um valor bem maior do que qualquer apartamento de programa habitacional no País. Mas vale a pena. Isso vai irradiar uma revitalização sem precedentes na região”, diz o secretário. 

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Política. Indicado ao cargo na cota do PP de Paulo Maluf, Floriano afirma nunca ter conhecido o ex-prefeito e atual deputado federal pela sigla.

“Sou engenheiro formado na Poli da USP e nunca havia ocupado cargo público. Não sou filiado ao PP, foram me buscar em Espírito Santo do Pinhal, onde tinha uma empresa de engenharia. Acho que é porque trabalhei muito tempo na formação dos condomínios do BNH pelo interior do Estado, nos anos 1980”, afirma. 

Floriano diz também trabalhar em sintonia com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), do governo estadual. “Os interesses são comuns em desenvolver políticas habitacionais que atendam essas famílias que não conseguem mais pagar o aluguel.”

Filiação. Questionado se há movimentos de moradia liderados por petistas com privilégios no governo, Floriano nega. “Não existe privilégio algum”, responde. “Nem sabemos de qual partido a entidade é ligada. O que é exigido é o perfil de família carente para entrar nos programas.”

Hoje, porém, das 12 entidades de sem-teto de São Paulo credenciadas pelo governo federal para gerenciar a construção de condomínios do Minha Casa Minha Vida, 11 são comandadas por filiados ao PT. 

A participação em protestos é um dos quesitos de pontuação que as entidades adotam na hora de escolher os beneficiários do programa.

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