Haddad toca, dança e grafita na periferia de SP

Prefeito viveu dia típico de campanha eleitoral; ideia é sair do gabinete, visitar as 31 subprefeituras e ouvir pedidos dos líderes comunitários

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Por Adriana Ferraz
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Há dois meses no cargo, o prefeito Fernando Haddad (PT) viveu ontem um dia típico de campanha eleitoral. Em visita a Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, o petista tocou guitarra, dançou hip hop, visitou creche, posto de saúde e grafitou seu nome em uma placa vermelha na parede de um centro juvenil. A maratona faz parte de uma programação que visa a atender as 31 subprefeituras da cidade, com foco na periferia.A agenda foi apertada. Por volta das 11h, Haddad já sobrevoava uma área de risco no Jardim Vitória. Meia hora depois, acompanhado por secretários municipais e vereadores da base aliada, o prefeito ouviu pedidos de lideranças locais na subprefeitura, onde deu ordem para construção de um novo prédio - hoje, a administração local funciona em um imóvel alugado, sem a infraestrutura adequada."E fica longe do centro do bairro. Agora, acho que vai ser mais fácil a gente reclamar das coisas lá", disse Benedita dos Santos, de 64 anos. A aposentada acompanhou parte da visita do prefeito e afirmou que o petista vai precisar trabalhar muito para ver os problemas resolvidos. "Espero que ele comece pelo transporte. A gente toma o café, almoça e o ônibus não chega."Quem mora no bairro diz que falta tudo, especialmente mobilidade. Nas principais vias não há corredores de ônibus, ciclovias nem faixas exclusivas. O resultado é um trânsito caótico nos horários de pico, quando a Avenida Ragueb Chohfi, principal via de acesso à região, trava. Verdade. Não é só. O déficit de vagas em creches, a ausência de médicos especialistas nas unidades de saúde e a falta de equipamentos esportivos e culturais estão entre as principais demandas de Cidade Tiradentes.Ontem, porém, os problemas pareciam ter desaparecido. Quando Haddad entrou na UBS Projeta Jeremias, por exemplo, a fila de espera por atendimento não tinha mais de cinco pessoas, o que levou uma moradora a dizer que aquela não era a realidade. "Isso aqui é tudo mentira. Vou levar você para ver a verdade", disse a mulher, com o dedo apontado para o prefeito, sem se identificar. Horas depois, o petista minimizou o constrangimento. "Eu a conheço. É a Telma, uma amiga, militante antiga do PT que luta muito para que as coisa mudem - e quer ver resultados. Estou confiante que nossa gestão vai funcionar." Comitiva. Na segunda-feira, será a vez de Perus, na zona norte, receber a comitiva municipal. Na semana seguinte, será o Itaim Paulista, novamente na zona leste. Em ambas as regiões, além de conhecer as reivindicações da população, Haddad deve anunciar pequenas obras, com orçamento das subprefeituras.A ideia é cumprir um roteiro que vai da periferia ao centro. Se fizer uma visita por semana, a programação acaba em setembro. Até lá, Haddad espera ver sua popularidade aumentar nas ruas. Por enquanto, o prefeito ainda divide opiniões. Ontem, alguns pediam autógrafo, mas outros perguntavam quem era "o tal de Haddad". Já Netinho de Paula (PC do B), o cantor e secretário da Igualdade Racial, que acompanhou o prefeito, foi sucesso garantido.

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