SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta terça-feira, 25, que o "pelotão ninja" usado pela Polícia Militar no protesto contra a Copa no último sábado, no centro da capital, é uma abordagem que está sendo testada para se chegar a um equilíbrio na ação policial durante as manifestações de rua na cidade.
"Diante de um cenário novo, novas abordagens terão de ser testadas para se chegar num equilíbrio, em que o direito de manifestação seja garantido, sem nenhuma dúvida, porque isso é constitucional, mas que não haja nenhum abuso por parte das forças de segurança. Esse equilíbrio é difícil de ser atingido, mas deve ser perseguido incansavelmente", disse Haddad.
A nova estratégia da PM consiste em usar policiais especializados em artes marciais para fechar um cerco em manifestantes adeptos da tática black bloc e evitar atos de vandalismo sem usar armas químicas. No sábado, policiais detiveram 262 pessoas, a maioria sem máscaras, e as encaminharam para averiguação. A ação ocorreu antes de qualquer depredação.
"O próprio governo federal manifestou interesse em conhecer isso e aperfeiçoar. Entendo que qualquer atitude que venha a enfraquecer a mobilização e o poder de organização de livre expressão é ruim, mas nós temos que compreender, por outro lado, que a população rejeita, e com razão, depredação de patrimônio público, depredação de patrimônio privado, colocação de pessoas em risco, como aconteceu no Rio de Janeiro, com a morte de um jornalista", disse Haddad.
Para o governo Geraldo Alckmin (PSDB), a ação da polícia no sábado foi "exitosa" porque reduziu o número de danos ao patrimônio (duas agências bancárias), de policiais e civis feridos (8) e de confrontos. A Corregedoria da PM, porém, instaurou inquérito para apurar os casos de agressões e detenções de jornalistas durante a cobertura do protesto. Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), 14 profissionais foram vítimas da polícia.