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Haddad diz que aguarda CGM antes de decidir se afasta Neschling

Justiça determinou quebra de sigilo de e-mails do diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse, na manhã desta terça-feira, 16, que vai aguardar o parecer da Controladoria Geral do Município (CGM), antes de decidir se afasta ou não o maestro John Neschling do cargo de diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo.

Na véspera, a Justiça determinou a quebra do sigilo dos e-mails de Neschling, a pedido do Ministério Público, e o interventor do Municipal, Paulo Dallari, informou que só vai permanecer no cargo até o dia 22 de agosto por causa da permanência do maestro no posto de diretor artístico. Haddad disse que todas suas decisões serão guiadas pela CGM.

Neschling. Defesa lamenta decisão, mas destaca que o maestro 'nunca praticou ilicitude' Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

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"Tudo o que eu faço para punir, não punir ou aguardar é com base nos pareceres técnicos desse órgão (a Controladoria Geral do Município). Este órgão está sendo provocado desde a intervenção para me oferecer subsídio para tomar a decisão sobre os dois que eu já afastei (José Luiz Herência, diretor da Fundação Theatro Municipal, e William Nacked, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural) e sobre os dois que estão prestando esclarecimentos (além de Neschling, o secretário de Comunicação, Nunzio Briguglio Filho, também é citado em delações). Já afastei duas pessoas porque eu tinha a convicção de que tinham errado e está provado que erraram mesmo, tanto que estão com os bens bloqueados que serão agora devolvidos ao município", disse o prefeito.

Segundo Haddad, o mesmo critério será usado em relação aos demais envolvidos. "Sobre os outros dois que estão prestando esclarecimentos a Controladoria ainda não formou juízo definitivo de forma que eles pediram mais tempo para me orientar sobre o que fazer. Vou seguir exatamente o que a Controladoria determinar", afirmou.

Defesa. O maestro John Neschling veio a público nesta terça-feira, pela primeira vez, para defender-se das acusações que vêm sendo feitas contra sua gestão no Municipal. "Responsáveis já apontados nesse processo são José Luiz Herência e William Nacked. Isso é fato. Também é fato que, nesse relatório, no que diz respeito a malfeitos e corrupção, meu nome não é nem sequer citado e por uma questão muito simples: nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou que tenha causado prejuízo ao erário", disse em nota oficial.

Segundo o maestro, "também é fato que fui eu quem denunciou esse esquema corrupto e criminoso ao prefeito, à Secretaria de Cultura e demais órgãos da Prefeitura". "Disso, hoje, poucos lembram. Na contramão desta realidade, sem que contra mim tenha sido produzida nenhuma prova, ou mesmo indício mínimo da prática de crime - e apenas tomando como base a palavra de Herência, o criminoso premiado - meu nome e minha reputação são enxovalhados diariamente. Isso é surrealismo."

Ele também chama de "surreal" ainda não ter sido chamado para prestar depoimento no MP, mesmo tendo solicitado a oitiva no dia 8 de março. Ao falar sobre a quebra de seu sigilo, voltou a destacar sua inocência, mas viu outro ponto de "enredo de ficção". "A Inquisição me elegeu e, na caça às bruxas presenciada, vejo brotar supostas provas de tudo. Como o relatório da Corregedoria me inocentou, levantam agora discussões esdrúxulas sobre a legalidade da minha remuneração/contrato bem como a relação que mantenho com agentes e que segue estrito padrão da área".

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