SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse, na manhã desta terça-feira, 16, que vai aguardar o parecer da Controladoria Geral do Município (CGM), antes de decidir se afasta ou não o maestro John Neschling do cargo de diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo.
Na véspera, a Justiça determinou a quebra do sigilo dos e-mails de Neschling, a pedido do Ministério Público, e o interventor do Municipal, Paulo Dallari, informou que só vai permanecer no cargo até o dia 22 de agosto por causa da permanência do maestro no posto de diretor artístico. Haddad disse que todas suas decisões serão guiadas pela CGM.
"Tudo o que eu faço para punir, não punir ou aguardar é com base nos pareceres técnicos desse órgão (a Controladoria Geral do Município). Este órgão está sendo provocado desde a intervenção para me oferecer subsídio para tomar a decisão sobre os dois que eu já afastei (José Luiz Herência, diretor da Fundação Theatro Municipal, e William Nacked, ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural) e sobre os dois que estão prestando esclarecimentos (além de Neschling, o secretário de Comunicação, Nunzio Briguglio Filho, também é citado em delações). Já afastei duas pessoas porque eu tinha a convicção de que tinham errado e está provado que erraram mesmo, tanto que estão com os bens bloqueados que serão agora devolvidos ao município", disse o prefeito.
Segundo Haddad, o mesmo critério será usado em relação aos demais envolvidos. "Sobre os outros dois que estão prestando esclarecimentos a Controladoria ainda não formou juízo definitivo de forma que eles pediram mais tempo para me orientar sobre o que fazer. Vou seguir exatamente o que a Controladoria determinar", afirmou.
Defesa. O maestro John Neschling veio a público nesta terça-feira, pela primeira vez, para defender-se das acusações que vêm sendo feitas contra sua gestão no Municipal. "Responsáveis já apontados nesse processo são José Luiz Herência e William Nacked. Isso é fato. Também é fato que, nesse relatório, no que diz respeito a malfeitos e corrupção, meu nome não é nem sequer citado e por uma questão muito simples: nunca pratiquei nenhum ato ilícito ou que tenha causado prejuízo ao erário", disse em nota oficial.
Segundo o maestro, "também é fato que fui eu quem denunciou esse esquema corrupto e criminoso ao prefeito, à Secretaria de Cultura e demais órgãos da Prefeitura". "Disso, hoje, poucos lembram. Na contramão desta realidade, sem que contra mim tenha sido produzida nenhuma prova, ou mesmo indício mínimo da prática de crime - e apenas tomando como base a palavra de Herência, o criminoso premiado - meu nome e minha reputação são enxovalhados diariamente. Isso é surrealismo."
Ele também chama de "surreal" ainda não ter sido chamado para prestar depoimento no MP, mesmo tendo solicitado a oitiva no dia 8 de março. Ao falar sobre a quebra de seu sigilo, voltou a destacar sua inocência, mas viu outro ponto de "enredo de ficção". "A Inquisição me elegeu e, na caça às bruxas presenciada, vejo brotar supostas provas de tudo. Como o relatório da Corregedoria me inocentou, levantam agora discussões esdrúxulas sobre a legalidade da minha remuneração/contrato bem como a relação que mantenho com agentes e que segue estrito padrão da área".