30 de março de 2015 | 03h00
Atualizado às 9h15
SÃO PAULO - Onde deveria haver uma grade do futuro Parque Municipal Chácara do Jockey, há tapumes de madeira tomados por plantas trepadeiras. A parede foi derrubada por um trator pilotado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), no dia 2 de outubro, quando a Prefeitura conseguiu a posse da área de 140 mil quadrados no Butantã, zona oeste.
Valor da Chácara não cobre dívida do Jockey
Quase seis meses depois, não há nada no local que lembre um parque, os portões estão fechados e já houve até tentativas de invasão de sem-teto. O espaço que pertencia ao Jockey Club de São Paulo foi dado para a Prefeitura em troca das dívidas que a entidade com sede no bairro Cidade Jardim, zona sul, tem de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O clube deve R$ 133 milhões e a Justiça avaliou o terreno em R$ 98 milhões.
O Jockey já pediu para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) rever o valor. Apesar de a Prefeitura ter a posse do terreno - e na época em que Haddad foi à cerimônia ter prometido derrubar 200 metros de muro para colocar grades -, muito pouco foi feito para o lugar virar um parque.
O mato cresceu não apenas no muro que Haddad derrubou com trator. As cocheiras da antiga Chácara do Jockey também foram tomadas por moitas. Na terça-feira passada, pela primeira vez após a Prefeitura ter recebido a posse, uma equipe da administração municipal foi até o local tirar o mato.
Hoje, a única funcionalidade do terreno é a escola de futebol Pequeninos do Jockey, que continua funcionando normalmente e tem acesso para alunos e professores. “Eu tenho alunos de 4 anos aqui. Estava com medo de perder eles dentro do mato. Criança é curiosa, quer andar pelas cocheiras e eu sou o responsável por elas”, afirmou Carlos Antonio de Almeidas, de 60 anos, diretor da escola. “Praticamente nada mudou desde a posse (pela Prefeitura)”, disse.
Assim que Haddad participou da cerimônia, a Prefeitura montou uma base da Guarda Civil Metropolitana (GCM) no local. “Ainda não tem nada acontecendo aqui dentro e ninguém pode entrar. Uma viatura nossa já chegou a ficar presa no mato”, afirmou um guarda-civil, que preferiu não ser identificado.
Invasão. Tanto o guarda quanto o diretor da escola de futebol afirmaram que sem-teto já tentaram invadir o local, mas não conseguiram montar acampamento. Enquanto isso, a população espera ansiosa pelo novo parque. “É uma área muito grande, arborizada, tem um lago lindo e queremos aproveitar”, disse a dona de casa Ieda Maria do Carmo, de 59 anos.
Uma das metas de Haddad é criar mais parques na cidade. No ano passado, o antigo Clube de Regatas Tietê foi aberto como centro esportivo e de lazer. Em outubro, houve um show do grupo de rap americano Public Enemy na inauguração da área de 20 mil metros quadrados. O objetivo é que esses eventos também ganhem atenção na área.
Projeto em 30 dias. O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Wanderley Meira do Nascimento, disse que o projeto do futuro Parque Municipal Chácara do Jockey será concluído em 30 dias e garantiu que a área estará aberta ao público até o fim do mandato do prefeito Fernando Haddad (PT). Ele explicou que, pelas características do terreno, o espaço será destinado à “contemplação da natureza” e a atividades culturais.
De acordo com Nascimento, a Prefeitura começará a derrubar os muros, colocar grades e fazer o zoneamento do espaço - para então abri-lo à população. O secretário não deu um prazo, porém, para a inauguração.
Segundo Nascimento, as cocheiras que antigamente abrigavam os cavalos que corriam no Jockey Club de São Paulo, que fica no bairro Cidade Jardim, na zona sul, são tombadas.
“Não é só uma simples reforma. A Prefeitura vai restaurar esses espaços”, disse o secretário. Nos imóveis serão instalados salas de cinema, oficinais de teatro e espaços para outras atividades culturais. A Prefeitura também quer que o lago que fica nos fundos tenha a mesma atratividade que o do Parque do Ibirapuera.
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