
11 de janeiro de 2013 | 02h01
Para chegar em casa, em uma encosta, ela desce por uma escada feita com sacos de areia e atravessa uma pinguela. Um ano após se curar de uma leucemia, por meio de um transplante de células do cordão umbilical da filha, não tem medo das intempéries da natureza. Se pudesse, ainda construiria outro andar para trazer para perto o primogênito que casou e se mudou.
Em dias de chuva, a impressão é a de que o morro pode desabar e fazer o bairro desaparecer a qualquer momento. Mas, entre muitos, reina a crença de que só a própria casa está fora da zona de perigo. "Área de risco é a casa da vizinha, última do barranco, que foi escorada para não cair. A da frente da dela já caiu", diz a dona de casa Carla de Souza, de 26 anos. Há dois anos, ela recebeu R$ 5 mil da Prefeitura para se mudar de uma casa a poucos metros de onde vive hoje, debaixo de uma pedra.
A área foi logo reocupada. O mestre de obras Jailson Silva, de 33 anos, divorciou-se e construiu um barraco de madeira ali. Sabe dos riscos que corre nos dias em que a chuva demora a parar. "Mas não vivo aqui porque quero." / ARTUR RODRIGUES
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.