PUBLICIDADE

Grupo faz evento em praça para mostrar descaso na Barra Funda

Por Filipe Vilicic
Atualização:

O clima na Praça Nicolau de Morais Barros, na Rua do Bosque, na Barra Funda, em nada é bucólico, agradável, relaxante. Há lixo no chão e amontoado em um canto, moradores de rua e dependentes químicos moram nos fundos em tendas improvisadas, a grama mal é cortada.Mas há um grupo de moradores e empresários da região que pretende mudar isso. Integrantes do projeto Nossa Barra Funda, eles se dedicam a cobrar o poder público por melhorias no bairro. E, para chamar a atenção aos problemas da praça, promovem um evento hoje no local.O Festival Comunitário começa às 10 horas. Contará com um torneio de futebol, oficinas de pintura, aulas de dança, shows. Também serão distribuídos comes e bebes, como refrigerantes e pipoca. Tudo gratuitamente."Queremos ocupar esse espaço para mostrar à população e ao governo que ele pode e deve ser usado", afirma o educador social Edivaldo Godoy, integrante do movimento e presidente da associação de moradores do bairro. "Ao chamar a atenção para isso e para como o local está degradado, queremos despertar a consciência de políticos e de moradores. Temos de cuidar da praça."Abandono. Não é de agora o descaso com a Praça Nicolau de Morais Barros. "A Barra Funda é esquecida pelo poder público há muito tempo e só agora, com seu crescimento e revitalização, tem tido atenção", destaca Godoy, que vive na região há 36 anos.Na praça, por exemplo, chegou a residir uma família de moradores de rua. "Mãe, pai e filhos montaram um barraco de tijolos e madeira na entrada e cobravam R$ 5 de quem queria usufruir do local", conta Godoy. Os invasores só saíram quando a Prefeitura, em parceria com moradores, demoliu a casa improvisada e encaminhou as crianças ao Conselho Tutelar da região.O movimento Nossa Barra Funda destaca ainda que há outros exemplos de abandono no bairro. "As calçadas estão esburacadas, as ruas são dominadas por mendigos, há muitos roubos, o lixo se espalha pelas vias", reclama a secretária Zilda Casagrande, integrante do projeto e funcionária de uma empresa local que patrocina a iniciativa.Integrantes do grupo também se queixam da falta de estrutura para combater os frequentes alagamentos. Outro incômodo apontado é o abrigo Boracéia, para moradores de rua. Lá, segundo o Nossa Barra Funda, a situação está tão degradada que existem usuários que passaram a se recusar a dormir no espaço e preferem pernoitar em ruas locais.Movimento. O Nossa Barra Funda surgiu a partir de uma iniciativa da empresa TGestiona, onde Zilda trabalha. "Funcionários reclamavam do entorno de nossos dois prédios na região", conta a secretária. "Foi então que decidimos começar a investir em ações locais, como mutirões de limpeza."Logo, a TGestiona se uniu com outros parceiros, como moradores e ONGs, e criou, em 2008, o Nossa Barra Funda. O projeto integra o programa Plataforma dos Centros Urbanos, iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).Desde então, a empreitada promoveu eventos para despertar a atenção do poder público e dos moradores para situações de degradação. "A ideia é mostrar o que está errado e pressionar por melhoras", diz o integrante Godoy. Já foram feitas intervenções artísticas, oficinas, shows. Em torno de 20 articuladores, como empresas, ONGs e moradores, lideram o grupo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.