A greve dos policiais civis pode ter facilitado a ação dos criminosos que invadiram e explodiram a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Botucatu, na última segunda-feira. No ataque, durante a madrugada, o bando fugiu levando drogas, armas e munições. De acordo com um policial que trabalha na delegacia, e que pediu para não ser identificado, antes da greve a unidade funcionava praticamente todas as noites. Veja também: Governistas fazem proposta para fim da greve da polícia em SP Polícia suspeita do PCC no ataque a delegacia em Botucatu Prefeito acha assustadora ação de bandidos em Botucatu Marzagão quer reduzir permanência de drogas nas delegacias Segundo ele, a maioria dos flagrantes por tráfico de entorpecentes ocorria no período noturno. Devido à adesão de outras unidades policiais à paralisação por salários, os policiais da Dise também decidiram "reduzir o ritmo". Os flagrantes passaram a ser feitos apenas durante o dia e, à noite, o prédio ficava às escuras. Moradores vizinhos da Delegacia confirmaram que nas últimas semanas os plantões noturnos foram suspensos. O Sindicato dos Servidores da Polícia Civil informou que, desde setembro, a Dise de Botucatu aderiu à greve, mas manteve os serviços essenciais, como as prisões em flagrante. O delegado seccional Tadeu Campos da Rocha negou qualquer relação da ação dos bandidos que explodiram a delegacia com a greve dos policiais. "Isso não existe", reagiu.. "A equipe da Dise é uma das melhores que temos e os policiais não reduziram o ritmo nem na greve." Segundo ele, a ação ocorreu como uma reação ao trabalho dos policiais que desmantelaram várias quadrilhas. Segundo Rocha, como em outras cidades do mesmo porte, as delegacias e distritos fecham durante a noite e o atendimento é concentrado no plantão policial. "Por dedicação da equipe, muitas vezes o trabalho se estendia durante a noite." Até o fim da tarde de ontem, a polícia não tinha chegado aos autores do ataque à Dise. "Recebemos várias denúncias e as investigações prosseguem", disse o delegado. Reunião Policiais civis da região de Sorocaba fazem uma assembléia nesta quinta-feira, 12, para decidir os rumos da greve que desde setembro reduziu o atendimento em delegacias e distritos policiais. De acordo com a presidente do Sindicato da Polícia Civil da Região de Sorocaba, Maria Aparecida Queiroz de Almeida, a contraproposta feita pelo governo estadual deve ser rejeitada. "Está muito longe dos anseios da categoria", disse.