Greve no Serviço Funerário cancela enterros e obriga GCM a levar corpos

Guardas-civis transportaram caixões a cemitérios, onde até faxineiros ajudavam em sepultamentos; paralisação deve continuar hoje

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Por Tiago Dantas e Caio do Valle
Atualização:

Pela segunda vez no ano, os 1.366 funcionários do Serviço Funerário de São Paulo entraram em greve ontem, levando a Prefeitura a deslocar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para o transporte dos corpos até os cemitérios. A fila para a liberação dos cadáveres cresceu ao longo do dia, assim como o sentimento de revolta entre familiares. Enterros precisaram ser cancelados e a paralisação continua hoje.

Nos cemitérios, faxineiros e servidores da área administrativa ajudaram nos sepultamentos. Mesmo assim, o transporte de corpos demorava horas. Um exemplo foi o do encarregado de obras Diego Alves de Farias, de 23 anos, que à tarde ainda esperava o envio do corpo do pai - morto na madrugada de segunda - para o Cemitério da Vila Alpina. "Acho que vou ter de desmarcar o velório, mesmo com a família esperando." À noite, ele conseguiu liberar o corpo do pai. Enquanto isso, o aposentado José Inhesta Martim, de 85 anos, que perdeu a mulher, de 86, anteontem, não tinha perspectiva. "Não deram prazo. Não apareceu ninguém nem para pegar a roupa que ela usará no caixão."A demora se dava principalmente porque eram os agentes da GCM os responsáveis por transportar os corpos desde o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) até os cemitérios. Os guardas ainda tinham de buscar os mortos nos hospitais e centros médicos, dirigindo os carros do próprio Serviço Funerário. "Não estamos acostumados com isso", admitiu um dos agentes.Segundo ele, 70 homens foram deslocados somente para esse serviço. O número não foi confirmado pela Prefeitura. Outro GCM ressaltou que deixou de fazer sua ronda habitual em bairros da zona norte por causa da greve na autarquia municipal. "Ficamos desguarnecidos."Negociação. Os funcionários do Serviço Funerário exigem um reajuste de 39,79%, referente ao período entre 2004 e 2010, além de plano de carreira e melhores condições de trabalho. "Nossa pauta de reivindicações foi entregue em fevereiro e até agora não responderam nada", afirma Irene Batista de Paula, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep). Ela diz que houve uma reunião com a Prefeitura ontem à tarde, mas nenhum secretário apareceu. Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que "considera inadmissível e repudia a paralisação, que é considerada ilegal pela Justiça, por tratar-se de serviço essencial à população". O governo ainda alega sempre ter mantido o diálogo com os representantes dos servidores.

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