
06 de setembro de 2019 | 10h59
Atualizado 07 de setembro de 2019 | 00h50
SÃO PAULO - O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (SindMotoristas), Valdevan Noventa, anunciou o fim da paralisação parcial da categoria, por volta das 15h desta sexta-feira, 6. Em meio à forte chuva, ele afirmou que houve um recuo por parte do poder público e que as reivindicações da categoria foram atendidas.
Disse ainda que não haverá redução da frota, que não haverá desemprego para os trabalhadores na questão do fim dos cobradores nos coletivos e reforçou que a participação nos lucros e valores (PLR) da categoria será paga em parcela única, a ser depositada na próxima quarta-feira, 11. Ele também afirmou que não haverá desconto na folha de quem participou da paralisação.
Motoristas de ônibus aprovam greve em São Paulo para esta sexta; Prefeitura suspende rodízio
A categoria é contra um suposto corte de 1.500 veículos da frota e de cobradores, além disso, cobra o pagamento da participação nos lucros e valores.
A greve parcial de motoristas e cobradores afetou, nesta sexta-feira, a circulação de ônibus na capital paulista. Segundo a São Paulo Transporte (SPTrans), 18 linhas da empresa Sambaíba, que opera na zona norte da cidade, não circularam. Além da zona norte, a região central sentiu as consequências da paralisação. O trânsito ficou intenso na área da sede da Prefeitura, com filas de ônibus parados no Viaduto do Chá, na Rua Venceslau Brás, na Praça da Sé e na esquina da Avenida São João com a Rua Líbero Badaró.
Por volta das 14h, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) informou o porcentual de ônibus de cada viação que operam no início da tarde desta sexta-feira. Os números não incluem os micro-ônibus do sistema local, isto é, as antigas cooperativas, que não são associadas à SPUrbanuss.
A cidade registrou lentidão acima da média no fim da tarde e início da noite. Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), das 17h30 às 19h30 o trânsito ficou mais complicado na capital. O pico ocorreu às 19h, quando 145 km de avenidas monitoradas apresentavam congestionamento. No restante do dia, o tráfego esteve compatível com a média, com leve elevação às 11h da manhã. Os maiores gargalos eram na Marginal do Tietê, na altura do acesso à Dutra, na Marginal do Pinheiros, na altura da Ponte João Dias.
De acordo com a leitora Náglifa Miranda o bairro do Jardim Peri, na zona norte, está sendo bastante afetado com a greve de ônibus.
"Nenhum ônibus circula por aqui! Utilizo a linha 148L, no sentido da Lapa, para ir para o trabalho, mas infelizmente não consegui ir", relatou ela.
Você teve problemas por causa da greve de ônibus? Envie seu relato para o Estado, por WhatsApp, pelo número: (11) 99147-5968. A estagiária jurídica Luciana da Silva Bruno Lima, de 34 anos, compartilhou com o Estado o seu problema. Ela contou que, no Terminal Casa Verde, por volta das 10h, entrou no ônibus e após 20 minutos o motorista avisou que o veículo não circularia. Ela não conseguiu seguir viagem ou recuperar o dinheiro que havia pago. "Fiquei indignada com a postura do motorista, do fiscal e do atendente. Não tive retorno e não recebi o valor de volta", disse pelo WhatsApp.
Por volta das 15h, três linhas de trólebus faziam desvios e uma estava paralisada devido à manifestação na região central. Veja os desvios:
3160/10 Term. Vl. Prudente – Term. Pq. D. Pedro ll
Desvio: normal até Rua da Figueira, Rangel Pestana, Rua Piratininga, Av. Alcântara Machado.
Desvio: normal até Rua do Gasômetro, Rua Jairo Góes, Av. Rangel Pestana.
Paralisada.
A SPTrans informou que o sistema municipal de transporte público coletivo operava com 70% da frota de veículos para a faixa horária. No início da tarde, 22 linhas não estavam circulando.
Na zona norte, duas linhas estão paralisadas no terminal Casa Verde: a 9300/10 Term. Casa Verde - Term. Pq. D. Pedro II e 9301/10 Term. Casa Verde – Pça do Correio
Na Estação de Transferência Itaquera, também na zona leste, o movimento foi intenso, mas sem o registro de grandes filas. Passageiros habituais consideraram o movimento normal.
Mas isso não é exatamente uma coisa para se comemorar. "Esta é a demora de todos os dias. Às vezes ficamos uma hora esperando na fila", conta a operadora de caixa Valquiria Nogueira, de 53 anos.
Na zona leste, o dia começou sem grandes filas no Terminal Itaquera. Para o taxista Uranísio Mendanha, que trabalha no local há 23 anos, a população estava mais preparada para a paralisação no transporte público.
"O problema é quando o pessoal é pego de surpresa como ontem (quinta-feira). Para a gente é bom, sempre aumentam as corridas no horário de pico, mas nada muito fora do normal."
Alguns passageiros relataram que apenas uma linha de ônibus que vai para a Estação Artur Alvim estava funcionando no início da manhã. Porém, o coletivo chegava lotado e muitos não conseguiam entrar e permaneciam no ponto.
Por volta das 6 horas, a professora Renata Carollo, de 38 anos, e o seu filho Fabrício, de 7, aguardavam o ônibus em direção à Penha, na Avenida Águia de Haia, na altura do número 3.834. Eles chegaram mais cedo, porém ficaram no ponto por mais de meia hora. Além do frio, havia o transtorno.
"Aqui, tem vezes que até em dias normais demora muito para o ônibus passar. Tem funcionário que falta e há carros quebrados. Os próprios motoristas reclamam", afirmou Renata.
Por volta das 7 horas, os ônibus estavam circulando normalmente no Terminal Santo Amaro, na zona sul da capital. Entre 6 horas e 6h30, poucas filas se formaram, o que surpreendeu alguns passageiros.
"Até estranhei, pensei que estaria mais difícil, mas estou achando que tem poucas pessoas. Aqui é sempre lotado. Acho que as pessoas estão paradas em outro lugar ou não foram trabalhar", diz o analista de logística Angelo Querino, de 45 anos.
De acordo com a leitora Bianca Boregio, os ônibus em direção ao Terminal Capelinha, na zona sul, estavam funcionando normalmente. "Inclusive estavam vazios", afirmou ela.
No centro, o Terminal Parque Dom Pedro II foi fechado pelos sindicalistas, segundo a Prefeitura, por volta de 8h20. Ainda segundo a administração municipal, os outros 29 terminais funcionam normalmente. No Viaduto do Chá, motoristas e cobradores fazem um ato.
A Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) informou que a cidade registrou às 11 hpras 90 km de lentidão. Segundo a CET, o índice de lentidão ficou um pouco acima da média (57 a 72 quilômetros) na faixa de horário.
Também está suspensa a Zona Máxima de Restrição a Fretados e liberado uso gratuito das vagas de Zona Azul.
Já as faixas reversíveis seguem a operação normal nesta sexta, tanto no período da manhã, quanto no da tarde.
A Lime, empresa de aluguel de patinetes, informou que oferece três desbloqueios gratuitos para os usuários. Já o BikeSampa, sistema de bicicletas compartilhadas do Itaú, anunciou gratuidade para o plano diário de locação de bicicletas. Aplicativos de transporte particular também prometeram descontos aos usuários.
Apesar da greve de ônibus na capital paulista, os trens da Companhia do Metropolitano (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) funcionam normalmente na manhã desta sexta. As empresas anunciaram na tarde de quinta o aumento do efetivo para atender aos passageiros.
Os integrantes do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano (Sindmotoristas) e se reuniram para definir se haverá novas mobilizações.
"Estamos cumprindo a decisão da Justiça, mas vamos nos reunir para ver os próximos passos. A Prefeitura não se posicionou até o momento e é impossível aceitar essa situação", afirmou Valmir Santana da Paz, presidente do sindicato, que representa 55 mil profissionais.
A categoria é contra um suposto corte de 1.500 veículos da frota e de cobradores, além disso, cobra o pagamento da participação nos lucros e valores (PLR).
"Esse plano de redução de frota não pode dar certo. Em uma megalópole como São Paulo, Londres, Nova York, não é possível retirar ônibus e melhorar", opina Elidson Humberto, cobrador da Viação Grajaú, presente na paralisação.
O profissional argumenta que o movimento dos últimos dois dias na cidade deve ser visto pela população como uma luta coletiva e não apenas de uma categoria.
"Não estamos lutando apenas por nós. É por tudo. Já reduziram o tempo para integração do Bilhete Único. Cada vez querem retirar mais. Daqui a pouco vão cobrar R$ 10 na passagem em um serviço sem qualidade nenhuma. Olha há quanto tempo não investem em ampliação de linha", diz Humberto.
O cobrador também questiona como as atuais medidas impostas pela Prefeitura podem contribuir a longo prazo. "Como é possível querer que a população deixe o carro em casa e use o transporte público assim?"
Nesta quinta-feira, 5, a Prefeitura conseguiu decisão favorável junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que 70% da frota funcione nos horários de pico (das 6 horas às 9 horas e das 16 horas às 19 horas) e 50% nos demais horários sob pena de multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) declarou nesta sexta-feira que os contratos da megalicitação de ônibus de São Paulo tiveram a duração modificada de 20 para 15 anos. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele disse que o Município pretende conseguir todas as assinaturas para publicar a mudança já neste sábado, 7, e, assim, deixar de operar com contratos de emergência.
/ ANA LUIZA LOURENÇO, ANA PAULA NIEDERAUER, FELIPE CORDEIRO, PALOMA COTES, PAULA FELIX, PRISCILA MENGUE, RENAN FERNANDES, RENATA OKUMURA, RENATO VASCONCELOS E TABA BENEDICTO
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