Governo de SP quer dobrar número de bloqueadores de celular em presídios

Plano é chegar a 46 unidades; de acordo com secretário, foram priorizadas cadeias com presos perigosos

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Por Marcelo Godoy e Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - O governo de São Paulo planeja dobrar de 23 para 46 o número de penitenciárias do Estado equipadas com bloqueador de celular ainda neste ano.

Unidades do semiaberto não precisam de equipamento, diz secretário de Administração Penitenciária Foto: ALESP

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A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) elegeu unidades prisionais prioritárias para a instalação desses equipamentos, como a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a Penitenciária 1 de Avaré e o presídio de Presidente Bernardes.

As duas primeiras reúnem os principais integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em Bernardes estão os detentos que cometeram faltas graves dentro do sistema prisional e que estão internados no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), o chamado cárcere duro. É lá que está desde dezembro o líder máximo do PCC, Marco Willians Herbas Camargo, o Marcola.

Além dessas três penitenciárias, o governo mantém bloqueadores em seis Centros de Detenção Provisória (CDPs), reservados para abrigar presos que aguardam julgamento. Entre eles estão o CDP4, em Pinheiros, na zona oeste da capital, e o CDP Belém 2, na zona leste.

Das 23 unidades prisionais com bloqueador de celular, cinco estão na Grande São Paulo – três na capital e duas em Guarulhos. O litoral tem duas unidades bloqueadas – ambas em São Vicente. Os demais presídios estão distribuídos pelo Vale do Paraíba e pelas regiões de Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba, São José do Rio Preto e Presidente Prudente. 

Apenas uma penitenciária feminina, a de Sant’Anna, no Carandiru, na zona norte de São Paulo, é equipada com o sistema. E foi o prédio mais difícil de ser bloqueado, pois se trata de uma construção do início do século passado, com capacidade para abrigar cerca de 1,5 mil presos em seus pavilhões, localizados em área urbana. O problema técnico ali era impedir que o bloqueador afetasse o sinal de celular de quem mora ou trabalha nas imediações.

Desperdício. “Escolhemos os presídios que concentram os presos mais perigosos para instalar o sistema. Não havia necessidade de instalar bloqueador nos presídios de regime semiaberto e nos Centros de Ressocialização, por exemplo. Seria jogar dinheiro fora”, disse o secretário Lourival Gomes.

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No caso do semiaberto, muitos dos presos saem para trabalhar durante o dia, o que tornaria o bloqueador inócuo. Atualmente, há 15 Centros de Progressão Penitenciária no Estado e 22 CRs, que abrigam presos de bom comportamento.

Para bloquear a telefonia celular nos presídios, o Estado, além dos gastos com a instalação do sistema, deve pagar a manutenção do bloqueio. Para tanto, todo mês o governo fiscaliza se o sistema está funcionando – impedindo ao mesmo tempo as ligações dos presos e não interferindo no sinal da vizinhança. Só no ano passado, foram detectadas pelo menos oito falhas no sistema.

Revistas. Parentes de presos no CDP 1 de Pinheiros, unidade que não tem bloqueador, dizem que é “impossível” entrar com celular ali. As regras são duras e as revistas, rigorosas. Para se comunicar com os detentos, dizem, só frente a frente.

“Celular é muito difícil de entrar. Uma vez ou outra, os agentes flagram alguém tentando colocar droga para dentro, mas celular eu quase nunca vi”, diz Cristina (nome fictício), que há um ano e sete meses vai visitar o filho no CDP, preso por tráfico. Para falar com ele, ela atravessa quatro grades e um raio x. 

“Não tem celular lá dentro, é uma burocracia muito grande para entrar, não tem como”, diz Rosa Santos, que também tem um filho detido no CDP.

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