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Governo proíbe venda de passagens em Congonhas

A retomada de venda de bilhetes em Congonhas depende da normalização do movimento no aeoroporto

Por Tania Monteiro
Atualização:

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou nesta terça-feira, 24, a suspensão total da venda de passagens com vôos partindo de Congonhas e informou que essa proibição temporária poderá se estender a outros aeroportos "se houver necessidade". Veja também:O local do acidente Quem são as vítimas do vôo 3054 Histórias das vítimas do acidente da TAM Galeria de fotos Opine: o que deve ser feito com Congonhas? Cronologia da crise aérea Acidentes em Congonhas Vídeos do acidente Tudo sobre o acidente do vôo 3054 A crise é tão séria que o governo chegou a oferecer aviões da FAB para ajudar as companhias a fazer transporte de emergência dos passageiros e a desafogar os aeroportos - as empresas não aceitaram a ajuda. Em outra decisão, a Anac determinou que os vôos a partir de Congonhas terão duração máxima de duas horas. Esse limite é para obrigar as companhias a usar Congonhas com menos carga, menos passageiros e menos combustível - isto é, com menos peso para as pistas do aeroporto. Isso significa que os vôos a partir de Congonhas alcançarão cidades distantes de São Paulo até 1.800 quilômetros. A princípio, a suspensão da venda de passagens para Congonhas irá durar de 24 a 48 horas, período que o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, espera que seja suficiente para controlar o caos no aeroporto de Congonhas, com as companhias atendendo aos passageiros que têm bilhetes em mãos e que não conseguiram embarcar. Na semana que vem devem entrar em vigor algumas das novas rotas aéreas, visando desafogar Congonhas. Mas a completa reestrutuação da malha só deverá ser implantada em 60 dias, prazo dado pelo Conselho de Aviação civil para as empresas se adaptarem às novas regras. "Esperamos no final da tarde de amanhã (quarta-feira) estarmos vivendo um outro momento", desabafou Zuanazzi, ao informar que se reunirá com as empresas para discutir a reordenação das rotas, na quinta e sexta-feira. Zuanazzi explicou que a suspensão de venda de passagens não é inédita e já foi tomada no Natal do ano passado, quando houve outro grave problema nos aeroportos do País. Naquela época o principal problema foi overbooking e excesso de vôos charters. Ele anunciou um total de seis medidas para conter o caos nos aeroportos do País. Aumento das passagens Na entrevista, Zuanazzi admitiu que as passagens poderão mesmo aumentar de preço por causa da proibição de conexões e escalas em Congonhas. "Se tem pressão de demanda e falta de oferta, é natural que isso ocorra (aumento do preço)", disse ele, ao salientar que o preço das passagens está liberado. Mas avisou que a Anac "estará com lupa para ver se as empresas não vão carregar nas tintas". Ainda nesta terça-feira, segundo o presidente da Anac, funcionários da agência voltaram a se instalar nas centrais de reservas das empresas aéreas para monitorar a forma como está sendo realizado o atendimento aos passageiros, a venda de passagens e o comprometimento da malha. "A preferência de atendimento é para os usuários com bilhetes a partir de Congonhas", avisou Zuanazzi. Alternativas Milton Zuanazzi informou que o aeroporto de São José dos Campos também poderá passar a receber os aos passageiros que terão de deixar de voar a partir de Congonhas, dentro de 60 dias. Também são alternativas Guarulhos e Viracopos, (que precisa ampliar capacidade para atender passageiros, já que hoje atende principalmente cargas). Como alternativa de distribuição de vôos, além desses dois aeroportos, estão incluídos, Confins em Belo Horizonte, e Brasília. Outra medida anunciada por Zuanazzi é a responsabilidade de repasse de informações seguras aos passageiros sobre seus vôos será, agora, das companhias aéreas, em locais que não sejam os balcões de check in das empresas. Segundo ele, a Infraero terá de disponibilizar este espaço nos aeroportos para as empresas se instalarem. A decisão informa que !as companhias aéreas terão de disponibilizar pessoal em número suficiente para informar os usuários a respeito de transferências e ou remanejamento de võos para outros aeroportos, cancelamentos e atrasos, utilizando para isso seus respectivos sites, centrais de atendimento telefônico, painéis multimídias nos aeroportos e veículos de comunicação de massa. Para que as informações aos passageiros não sejam desencontradas, elas será repassadas a partir do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão da aeronáutica, localizado no Rio de Janeiro, onde têm assentos também as companhias aéreas, a Infraero e a Anac. A sexta regra anunciada por Zuanazzi, no início da noite desta terça foi a proibição, a partir deste final de semana de todas as operações de vôos fretados no aeroporto de Congonhas. Anac informa ainda que os vôos já autorizados serão transferidos para outros aeroportos como Guarulhos e Viracopos. As proibição durante a semana já estavam em vigor em Congonhas e agora se estendem também aos finais de semana. Milton Zunazzi acredita que num prazo curto de tempo, que não previu de quantos dias, a situação de normalidade nos aeroportos se restabelecerá. Ele atribuiu os problemas que os passageiros enfrentam há dez meses, desde o acidente com o Boeing da Gol a três fatores: primeiro um movimento reivindicatório dos controladores de vôo, segundo, ao esgotamento dos aeroportos de São Paulo, principalmente Congonhas e terceiro à liberdade de concorrência entre as empresas, que reduziu o preço das passagens e elevou a procura pelos vôos.

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