Governo do Estado agora planeja fazer túnel entre Santos e Guarujá

Novo projeto para uma ligação seca entre as duas cidades litorâneas prevê substituição da travessia de balsas na entrada do porto

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Por Paulo Saldaña e Renato Machado
Atualização:

O governo do Estado de São Paulo vai apresentar no mês que vem uma nova proposta para a ligação seca entre as cidades litorâneas de Santos e Guarujá. A aposta agora é em um modelo de túnel pré-moldado para substituir a travessia de balsas na entrada do porto - onde as filas de veículos são um tormento para moradores e turistas. O projeto ainda é conhecido por poucas pessoas - os estudos devem ficar prontos neste mês. A estimativa é de que a obra custe em torno de R$ 1 bilhão. "Pretendemos apresentar um projeto ao governador. Mas estamos analisando pelo menos 12 alternativas", disse o secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido.Fontes do governo ouvidas pelo Estado, no entanto, informaram que o túnel pré-moldado é considerado o mais viável física e economicamente. A ligação subterrânea não impediria a expansão do porto e conseguiria aglutinar o tráfego de carros de moradores e turistas à demanda de caminhões. Veículos pesados não teriam condições de transitar em uma ponte no local, por exemplo, por causa da inclinação que a obra deveria ter para não atrapalhar o movimento dos navios. O novo projeto tem uma tecnologia inédita na América do Sul, de peças pré-moldadas de concreto ou aço. As partes são submersas e encaixadas lado a lado no fundo do canal. Depois de lacradas, a água é sugada. O modelo já foi adotado em uma ligação no Estreito de Bósforo, na Turquia, e é considerado por especialistas o mais apropriado - um túnel tradicional exigiria escavações a 40 metros abaixo do canal, aumentando o tamanho e o custo do empreendimento. "A solução é o túnel pré-moldado, é a que tem mais vantagens", explicou uma fonte do governo.Terceira via. O canal entre Santos e Guarujá tem aproximadamente 400 metros. Com os acessos, deverá ser um pouco maior, com 584 metros, entrando em áreas urbanizadas. Para não limitar o porte dos navios no porto, a profundidade mínima é de 17 metros, mas o projeto prevê lastro de 23 metros. Os acessos de cada lado terão inclinação de 4% a 6%, considerada ideal para o trânsito de caminhões. Além das passagens de veículos, está prevista uma terceira via para pedestres e bicicletas. A nova ligação poderia desativar as balsas ou pelo menos diminuir sua frequência, reduzindo o conflito com a passagem dos navios. O principal debate agora é sobre o posicionamento do túnel no canal. O local onde vai passar é essencial para que atraia os carros das cidades e os caminhões do porto. Esse equilíbrio de tráfego tem por objetivo tornar o empreendimento atrativo para a iniciativa privada - o governo quer uma Parceria Público-privada (PPP) para fazer a obra.

 

 

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