Museu do Ipiranga terá jardim com restaurante e vai reconstruir fontes originais

Com 70% das obras concluídas, instituição que está fechada desde 2013 será reaberta em setembro do ano que vem

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Por Gonçalo Junior
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta terça-feira, 31, o início das obras de restauração do jardim francês que fazem parte da reforma do Museu do Ipiranga, localizado no Parque da Independência, na zona sul da cidade. A reabertura da instituição, fechada em 2013, acontecerá em setembro de 2022 para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil.

O projeto prevê a restauração de toda a área construída e botânica do jardim francês, além da construção de um restaurante com 270m², espaço para food bikes, modernização da iluminação e das vias de acesso, além do resgate de duas fontes do projeto original, demolidas em 1972. O espaço arquitetônico e paisagístico será um lugar para a convivência dos frequentadores da praça, do museu e do parque.

Museu do Ipiranga será reaberto em setembro do ano que vem, no bicenternário da Independência Foto: Governo do Estado de São Paulo

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O jardim francês, importante tendência paisagística criada no século XVII, é baseado nas formas geométricas e na simetria. Ele é construído como extensão viva das edificações. No caso do Ipiranga, é um dos seus grandes charmes. O principal representante do estilo são os jardins do Palácio de Versailles.

Durante a reforma, o jardim também vai abrigar, a partir do dia 7 de setembro, um relógio para a contagem regressiva de um ano para a reabertura oficial do Museu do Ipiranga. As redes sociais do Museu já iniciaram a marcação: hoje, faltam 371 dias para a retomada das atividades.

De acordo com o secretário de Cultura, Sérgio Sá Leitão, as obras estarão finalizadas até 31 de março do ano que vem. Nesta data começam as instalações das exposições, que vão até agosto. A partir do dia 7 de agosto de 2022, o Festival do Bicentenário da Independência vai promover um mês de atividades culturais e artísticas para celebrar a reabertura. No dia 7 de setembro, um show dos cantores João Bosco e Martinália, gravado durante as obras, será exibido nas redes sociais. 

"A proposta do governo de São Paulo é um mês de festividades e atividades. Na parte externa, a partir de 7 de agosto, e na parte interna, a partir de 7 de setembro", afirmou o governador João Doria. 

O projeto de reforma, parceria do governo estadual com a Prefeitura de São Paulo e mais 21 empresas, envolve oito intervenções urbanísticas. Além do restauro e ampliação do edifício e a reforma do jardim francês, a Sabesp atua na despoluição do córrego do Ipiranga e a criação de uma nova área de lazer. 

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A Prefeitura também conduz as reformas do entorno, com a recuperação das calçadas, da iluminação e do projeto paisagístico, além da reconstrução do Monumento da Independência, da Cripta Imperial e da Casa do Grito. 

De acordo com o governo estadual, a revitalização é o maior projeto cultural em andamento no País e já conta com 70% dos trabalhos foram concluídos. O investimento total nas obras é de R$ 210 milhões, dos quais R$ 170 milhões foram captados junto à iniciativa privada, com e sem a Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura).

Reforma do Museu do Ipiranga exigiu investimentos de R$ 210 milhões, boa parte da iniciativa privada Foto: Governo do Estado de São Paulo

Durante a entrevista coletiva de apresentação da nova fase da reforma, o governador João Doria evitou comentar outros temas, como o assalto em Araçatuba, na madrugada de segunda-feira, 30, quando uma quadrilha invadiu e atacou pelos menos três agências bancárias. E destacou as últimas fases da reforma. “Vamos focar no Museu do Ipiranga. São poucas as oportunidades de darmos boas notícias e hoje temos boas notícias para dar. A população merece. Não tem sido assim no País ultimamente”, afirmou João Doria.

O museu foi fechado em 2013 devido a problemas graves nas condições físicas e estruturais, como rachaduras e infiltrações do teto ao chão. O local ficou fechado por seis anos. Em 2018, a Justiça determinou que o governo de São Paulo tomasse medidas emergenciais para garantir a segurança do acervo e da sede do Museu do Ipiranga.

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A ação civil pública foi aberta pelo Ministério Público (MPSP) após uma vistoria que identificou diversos riscos ao patrimônio, tais como sistema de detecção de incêndio inoperante, condutores elétricos sem isolamento e fiações elétricas expostas. Ao propor a ação, o MPSP lembrou recentes incêndios em imóveis históricos brasileiros, como o Museu Nacional (2018), o Museu da Língua Portuguesa (2015) e o Instituto Butantan (2010). As obras atuais foram iniciadas em 2019. 

Construído às margens do Córrego do Ipiranga em 1890, o prédio foi transformado em museu em 1895. É o mais antigo da cidade de São Paulo. Especializado na cultura material da sociedade brasileira, ele possui cerca de 450 mil peças. Em 1963, passou para a administração da USP

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Entre os destaques do acervo está o quadro "Independência ou Morte", de Pedro Américo, no Salão Nobre do Edifício Monumento. Com 5 metros de altura e 7 metros de comprimento, a tela foi restaurada na própria parede em que está exposta, pois não poderia ser transportada.