29 de março de 2011 | 00h00
Felipe (nome fictício) voltava do trabalho. Em casa, sua mãe tentava contato com ele. Em outro telefone, seu pai ouvia um criminoso dizer que o rapaz havia sofrido um acidente. E para a internação, o "bom samaritano" havia passado um cheque. Agora ele ameaçava: "Só digo onde está internado depois de receber o meu dinheiro de volta."
Só neste ano, a Polícia Militar recebeu 900 chamadas sobre falsos acidentes e falsos sequestros - dez por dia. Os policiais conseguem auxiliar a vítima em 90% dos casos. O pai de Felipe foi um dos que ligaram para o 190. A soldado Elizabeth Kalinauskas atendeu e pediu calma à família. Ela tentou o celular do jovem até que conseguiu contato. "O rapaz ligou para os pais, que puderam despistar os bandidos."
A PM afirma que neste ano cerca de 90 golpes deram resultado. Foi o caso de Lourdes Martins da Nóbrega, de 84 anos: ela pagou R$ 13 mil para um bando que simulou um acidente com a sua sobrinha. O delegado Genésio Leo Júnior - que prendeu dois dos quatro suspeitos de enganar Lourdes - disse que muitos idosos têm vergonha de registrar o crime porque seus parentes zombam ou recriminam sua falha.
A Polícia Civil não descarta a possibilidade de criminosos terem um banco de dados da área de saúde com contatos de idosos - o principal alvo.
Os golpes por telefone ficaram mais frequentes a partir de 2006. "Como o teatro do sequestro ficou mais conhecido, criou-se o do acidente", disse o tenente Cleodato Moisés do Nascimento, porta-voz do Comando de Policiamento da capital.
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