04 de setembro de 2012 | 03h05
Quatro anos após a criação de medidas para inibir irregularidades no uso do bilhete único, fraudadores ainda praticam golpes em São Paulo. A reportagem da rádio Estadão/ESPN flagrou a ação de um grupo na Praça Carlos Gomes, na Liberdade, centro da capital. No esquema, conhecido como "janelinha", o golpista cobra R$ 2 para que o passageiro use seu cartão. A passagem custa R$ 3.
A fraude abusa da vantagem do bilhete único de permitir, em duas horas, até quatro viagens na mesma linha de ônibus pagando apenas uma passagem. O fraudador paga a viagem do primeiro "cliente", mas cobra para que os próximos três usem as gratuidades. Assim, ele "investe" R$ 3, fatura R$ 8 e lucra R$ 5 a cada duas horas com cada cartão. Os "clientes" também se beneficiam do preço menor da passagem.
Sem medo de ser repreendido, o golpista oferece o serviço livremente no ponto de ônibus da praça. "Quem mais quer cartão aí pessoal? São R$ 2", avisa o homem que se identifica como Robson, ao lado de um fiscal da SPTrans, empresa municipal que controla o transporte público na capital.
Para controlar o uso do bilhete e não levantar suspeitas, o grupo faz uma espécie de contabilidade em tempo real. Em um papel, Robson faz o controle do horário de devolução de cada cartão e chega a fazer as anotações conversando com um fiscal da SPTrans.
Fiscalização. O golpe chegou a provocar prejuízos de R$ 200 milhões por ano aos cofres públicos municipais. Em 2008, uma série de medidas antifraude foram criadas, como redução no número de viagens durante a integração - de oito para quatro - e o fim da recarga nas catracas.
Mesmo assim, segundo a SPTrans, 192 cartões foram apreendidos só no centro da cidade neste ano por uso irregular. Desde 2008, quando a fiscalização foi intensificada, foram 1.970 bilhetes. A empresa afirma fazer duas ações de fiscalização por semana, com a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.