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Funcionários de Subprefeitura lideravam 'máfia de fiscais'

Onze pessoas foram presas durante a Operação Rapa, feita pela Polícia Civil e pelo Ministério Público

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Por Redação
Atualização:

Dois funcionários da Subprefeitura da Mooca lideravam a máfia desarticulada nesta sexta-feira durante a Operação Rapa, da Unidade de Inteligência Policial (UIP), vinculada ao Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), e do Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o titular da UIP, delegado Luís Augusto Castilho Storni, as investigações começaram há três meses e chegaram no fiscal Edson Alves Mosquera e no assessor político da Subprefeitura, Marcelo Eivazian. Eles seriam os 'cabeças' das duas frentes de achaque feitas aos vendedores ambulantes irregulares no Brás, popular centro de compras da capital. Veja também:  Polícia prende 11 e diz ter desarticulado nova 'Máfia dos Fiscais' Kassab manda afastar todos envolvidos na 'máfia dos fiscais' Blitz contra pirataria tem 5,5 milhões de produtos apreendidos   Além deles, outras nove pessoas foram presas, entre fiscais, ambulantes e um advogado. Pela manhã, os investigadores também cumpriram mandados de busca e apreensão em quatro endereços. Segundo o delegado, os achaques eram bem parecidos aos praticados pelos integrantes da chamada Máfia dos Fiscais, que em 1998 levou para a cadeia funcionários públicos e vereadores. A Operação Rapa foi desencadeada após cinco meses de investigações, que começaram em fevereiro, quando dois ambulantes da região do Brás procuraram o Ministério Público para denunciar as extorsões. As frentes de extorsão funcionavam assim: de um lado os fiscais liderados por Mosquera exigiam até R$ 20 por semana de cada um dos 7 mil marreteiros irregulares que atuam durante o dia nas imediações do Brás. A estimativa da Polícia era de que essa frente arrecadava R$ 640 mil por mês. O segundo esquema, chefiado por Eivazian, assessor político da subprefeitura, tinha como alvo os vendedores ambulantes de alimentos do bairro. Além de assessor político da Subprefeitura, Eivazian é filiado ao Democratas, partido do prefeito de São Paulo (Gilberto Kassab) e era cotado, nos batidores, para assumir um posto de alto escalão em alguma subprefeitura. O método de arrecadação era o mesmo da outra quadrilha, embora os valores exigidos fossem mais altos. O que a polícia quer saber, agora, é se a quantia arrecadada ficava com os 'cabeças do esquema' ou se era encaminhada ao alto escalão da subprefeitura. Máfia dos Fiscais A operação acontece oito anos depois de uma máfia composta por fiscais da prefeitura de São Paulo ter sido escancarada, no escândalo de arrecadação de propina que ficou conhecido como 'Máfia dos Fiscais' e marcou a gestão de Celso Pitta na Prefeitura de São Paulo. Em abril deste ano, o advogado e ex-vereador José Izar, um dos expoentes da chamada Máfia dos Fiscais, foi condenado a oito anos de prisão por concussão (extorsão praticada por funcionário público). As investigações começaram em dezembro de 1998, com a prisão do engenheiro Marco Antônio Zeppini, fiscal da Administração Regional de Pinheiros, que tentou extorquir dinheiro da dona de uma academia. Zeppini foi condenado a cinco anos de prisão e já cumpriu a pena. Foram denunciadas mais de 600 pessoas nos vários processos da máfia, superando números da Operação Mãos Limpas, da Itália. Cerca de 1,5 mil testemunhas foram ouvidas, e outros 30 processos seguem em andamento, envolvendo quase todas as administrações regionais da época. A Máfia dos Fiscais, segundo o Ministério Público, teria arrecadado R$ 436 milhões de comerciantes e ambulantes paulistanos. Em 1998, Viscome e José Izar choraram, em depoimento na Câmara e na polícia. (Com informações de Bruno Tavares, Rodrigo Brancatelli e Diego Zanchetta, de O Estado de S. Paulo)

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