Fumaça invade estúdios e corredores da Record

TV dispensou 400 funcionários; região do Memorial teve dia de caos, com vias fechadas e pontos de ônibus lotados

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Uma nuvem de fumaça cobriu as instalações da Rede Record, vizinha do Memorial da América Latina, logo após o incêndio e obrigou a emissora a dispensar a maior parte dos 400 funcionários, por volta das 15 horas. Houve desespero de alguns jornalistas e produtores com a quantidade de fumaça que se espalhou pelos corredores, salas e dentro de estúdios da TV.Por volta das 16 horas, até o apresentador Marcelo Rezende, do programa Cidade Alerta, que transmitia imagens ao vivo do local do incêndio na Barra Funda, na zona oeste da capital, teve de deixar o estúdio do programa por causa da fumaça. Para quem ficou dentro do prédio, como seguranças de uma guarita na Rua do Bosque, bem de frente para a fumaça que saía do auditório do Memorial, motoboys trouxeram máscaras compradas às pressas.Só a linha do trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) divide o prédio da Record do auditório que pegou fogo. "Eu não vou ficar, se a fumaça vier muito forte na minha direção eu vou embora", afirmou ao Estado um dos seguranças. Com um cheiro forte que se espalhou do Terminal Barra Funda até a Marginal do Tietê, a fumaça que cobria o prédio ainda causava forte irritação nos olhos de quem estava na emissora por volta das 18h.Alguns funcionários que inalaram fumaça receberam atendimento da equipe médica da emissora. A assessoria de imprensa da Record informou que apenas os profissionais diretamente envolvidos na cobertura do incêndio e equipes indispensáveis para o funcionamento da emissora permaneceram no prédio. Os demais empregados foram dispensados para evitar riscos de intoxicação.Funcionários dispensados não conseguiam nem achar seus carros no estacionamento da emissora por causa da fumaça que se espalhou pelo térreo. A entrada da Record pela Rua do Bosque também chegou a ser fechada. Muitos profissionais que chegaram para trabalhar no período da noite também foram dispensados."Era muita fumaça pelos corredores, deu muito medo. Mas logo a direção mandou todo mundo embora, não dava para ficar com o cheiro forte que estava nos estúdios", contou uma funcionária ao Estado. "Deu medo de o fogo chegar à emissora. Parecia que estava muito perto", afirmou.Bloqueios. Por causa da fumaça e a consequente falta de visibilidade, agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) orientavam o tráfego de veículos na Rua do Bosque e imediações. Ao lado da Record, dezenas de mulheres de presos que aguardavam fretados para ir a cidades do interior paulista, onde ficam presídios de segurança máxima, também reclamavam do cheiro forte da fumaça no local. Centenas de funcionários de outros prédios comerciais que funcionam ao lado do Memorial, na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, também cobertos pela fumaça, foram dispensados logo após o incêndio. As labaredas que subiam do Auditório Simón Bolívar assustavam quem passava pela região."Meu Deus, será que alguém estava lá dentro?", repetia Aline Shimoko, de 23 anos, da Universidade Nove de Julho (Uninove), localizada do lado do Memorial. A fumaça subiu em direção contrária à da universidade, que não teve de dispensar seus mais de 6 mil alunos. Lotação. Os pontos de ônibus ficaram abarrotados e algumas pessoas esperaram até duas horas para conseguir embarcar. "Já estou aqui faz 72 minutos. Só passou ônibus com gente 'vazando' pela porta", disse o atendente Alfredo Ferreira, de 31 anos, dispensado mais cedo de um call center. Nem metrô nem trens tiveram a circulação suspensa ontem.No Circo Zanini, instalado dentro do Memorial e bem ao lado do local do incêndio, a fumaça também assustou. As últimas apresentações, marcadas para hoje e domingo, devem ser suspensas. "As pessoas não conseguiam enxergar, era muita fumaça", contou Luciana Gualda, de 32 anos, produtora do circo.A fumaça e o cheiro forte também chegaram ao Fórum Criminal da Barra Funda, mas com menor intensidade.

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