
28 de outubro de 2015 | 17h06
Um bairro sem memória não tem história. As palavras são de Rodrigo Carvalho, coordenador da Casa de Cultura Salvador Ligabue e um dos editores do site Portal do Ó. Ele lidera junto à comunidade um projeto que busca a construção de um museu próprio para a Freguesia. Uma casa que abrigue parte do acervo referente aos 435 anos do bairro.
"As pessoas vão morrendo e a história não pode se perder. A Freguesia é um dos bairros mais antigos de São Paulo, por isso surgiu a necessidade do museu", explica Carvalho.
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Hoje, esse patrimônio está preservado nas salas da Casa de Cultura Salvador Ligabue. Mas não há espaço para todo o material iconográfico e documental sobre a região. Moradores de famílias tradicionais da Freguesia também guardam parte desses documentos em casa e concordam em doar seus acervos particulares caso o projeto se concretize.
A iniciativa tem aval do prefeito Fernando Haddad e até local para as instalações: um prédio da junta militar, ao lado da Casa de Cultura, pertencente à subprefeitura Freguesia/Brasilândia. De acordo com Carvalho, o edifício é subutilizado. Apenas uma sala dos mais de duzentos metros quadrados é aproveitada. "Além disso, é a Secretaria de Cultura que paga as despesas, como contas de água e luz", afirma.
A ideia tem apoio da Paróquia Nossa Senhora do Ó, de comerciantes e moradores do bairro. Ainda não há previsão para a inauguração do museu.
Ligabue. Salvador Ligabue tem uma forte ligação com o bairro. Foi um artista plástico nascido na cidade de Itatiba, interior de São Paulo, em 1905. Seu primeiro contato com a Freguesia aconteceu por intermédio de seu irmão, que estudava no Seminário Provincial de São Paulo.
O artista se destacava por suas pinturas sacras e foi convidado para fazer alguns trabalhos na Paróquia Nossa Senhora do Ó. Lá, ele pintou a Imaculada Conceição na nave central da igreja, em 1929. A partir daí, Ligabue passou a viver no bairro. Foi responsável ainda pela pintura da capela do Santíssimo Sacramento e por trabalhos no altar-mor da Paróquia.
Paralelo aos trabalhos sacros, o artista retratava a natureza morta e cenas cotidianas, em óleo sobre tela, aquarelas e nanquim. Muitas cenas são atribuídas à Freguesia do Ó, o que mostra toda a identificação do pintor com o distrito. Ele faleceu em março de 1982 e acabou inspirando o nome do centro cultural do bairro.
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