França acha só carcaça da caixa-preta

Equipamento que teria gravado dados do voo 447, porém, não foi encontrado por robô; associação de vítimas vê anúncio com ceticismo

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Por Redação
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Depois de 643 dias e cinco fases de buscas, os investigadores franceses conseguiram localizar ontem o chassi de uma das caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio de 2009, deixando 228 mortos. A unidade de armazenamento de dados, porém, não foi encontrada.A carcaça encontrada integra o equipamento que gravou os parâmetros técnicos do voo, segundo informou o Escritório de Investigação e Análises (BEA, na sigla em francês), que coordena as operações de resgate. Ainda prosseguem as buscas pela caixa-preta que gravou os diálogos dos pilotos. Essa caixa-preta também é considerada fundamental para entender os motivos da tragédia."Durante o primeiro mergulho do robô Remora 6000 nesta quarta-feira, que durou mais de 12 horas, o chassi do gravador de voo do avião - flight data recorder - foi encontrado sem o módulo que protege e contém os dados (a memória)", diz o comunicado oficial. "O equipamento está cercado de restos de outras partes da aeronave." O resgate dos destroços no Atlântico começou anteontem.Entre as peças que ainda devem ser recolhidas estão elementos das asas dos aviões, que permitirão analisar a situação no momento do impacto, além dos motores e dos postos de pilotagem. Essa análise da cabine de comando poderá identificar se os aceleradores e outros elementos vitais foram acionados durante a queda.No entanto, as caixas-pretas - sobretudo a parte central (semelhante a uma pilha) da flight data recorder - são a grande aposta do BEA para descobrir as causas do acidente. O que se sabe é que uma série de mensagens automáticas enviadas pelo avião aponta para falha no funcionamento dos sensores de velocidade externa, os pitots. Alguns especialistas sugerem que essas peças podem ter enganado os computadores do avião, no meio de uma forte turbulência.Ceticismo. O anúncio da descoberta de apenas parte do equipamento foi recebido com ceticismo pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho. "É difícil acreditar que a caixa-preta estava vazia, que eles encontraram apenas uma carcaça. Aquilo é feito para sofrer impacto e suportar a pressão", afirmou Marinho, que perdeu o filho no acidente ocorrido em 31 de maio de 2009. / CLARISSA THOMÉ, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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