Folia volta para o centro de Paraitinga

Em 2010, enchentes suspenderam carnaval; no ano passado, festa ocorreu em centro de eventos

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Por GERSON MONTEIRO e SÃO LUIZ DO PARAITINGA
Atualização:

"Respeitável público do sertão das Cotias, hoje estamos aqui para convidá-los a participar das festividades de Momo. Como viver sentindo a passagem do tempo? Do céu, do purgatório e do inferno, ninguém escapa. Sabem por quê? Hoje é carnaval!"

É assim que Benito Campos, fundador do Bloco Juca Teles e "puxador" de uma das marchinhas mais famosas de São Luiz do Paraitinga, no interior paulista, grita ao meio-dia do sábado de carnaval em cima de um caminhão de som cheio de chita e fitas de cetim para convocar os milhares de foliões que chegam a triplicar a população da cidade.

Símbolo do carnaval, Teles conta com ansiedade os dias para a folia, que, após dois anos suspensa por causa das enchentes do Rio Paraitinga que destruíram o patrimônio arquitetônico da cidade, voltará neste ano a seu centro histórico. "O carnaval aqui foi concebido no meio do casario. Ninguém fica parado", empolga-se o senhor de 60 anos, que há 30 puxa o bloco.

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A novidade neste ano é que o carnaval terá espaço para dois públicos distintos. Pesquisa da prefeitura em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) revelou que o carnaval de Paraitinga recebe um público jovem, em sua maioria formado por universitários que desejam sair atrás do carro de som com os blocos, e outro público com pessoas de mais idade, que curtem a folia em família e preferem um carnaval mais tranquilo, à moda antiga, com bandinha no chão. "A cidade como um todo vem ressurgindo em um novo ciclo de turismo, formado principalmente pela cultura", diz o diretor de Turismo, Eduardo de Oliveira Coelho.

Blocos partirão do entorno do centro histórico, acompanhados por bandas. Na Praça Oswaldo Cruz, da Igreja Matriz, um caminhão de som levará o resto do público ao centro de eventos, ao lado do terminal rodoviário, usado no carnaval do ano passado.

A mudança no circuito dos blocos foi aprovada pelos foliões. "Agora tem mais espaço, assim o público escolhe o ambiente que lhe agrada", comentou Alessandra Carvalho, moradora de Paraitinga.

Tradição. Em 2010, o carnaval foi suspenso na cidade, mas bandas e blocos tradicionais foram levantar o público em clubes na capital paulista e outras regiões do País. Era necessário arrecadar fundos para reerguer a cidade, destruída pelas águas. No ano passado, os blocos desfilaram por uma avenida à margem do Rio Paraitinga e chegaram a atrair mais de 20 mil pessoas por dia.

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Neste ano, são esperadas 30 mil pessoas por dia. Para abrigar tanta gente, muitos moradores saem de casa e alugam os imóveis - os que ficam próximo ao centro histórico chegam a custar de R$ 4 mil a R$ 15 mil por cinco dias. Imobiliárias locais têm 500 casas cadastradas em várias regiões da cidade. Pacotes com café da manhã em pousadas custam entre R$ 1.200 a R$ 2.500 para cinco diárias. A Polícia Militar deve destacar 150 homens, além de 200 seguranças contratados pela prefeitura.

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