Como começou?
Eu estava distribuindo as marmitas (doadas), umas 19h30, e me avisaram de confusão do lado de fora. Saí e vi um rapaz apanhando de uns seis GCMs. Perguntei: 'O que está havendo?' Nisso, já tinha algumas pessoas em volta. Um dos guardas me empurrou, jogou uma bomba no meu pé, foi fumaça para todo lado, e começou.
Havia a versão de que moradores reconstruíam casas no local do fogo e foram reprimidos.
Não teve nada a ver. A gente teve uma conversa na Prefeitura pela manhã sobre isso.
O estopim foi a agressão.
Agressão que virou reação.
Reação como?
Eles começaram a atirar (balas de borracha) e a correr atrás da gente. Agrediram poucos e esses poucos viraram muitos, porque vários moradores vieram para a frente (com pedras). Depois, foi todo mundo entrando de volta nos barracos (que seguiram de pé após o fogo). E eles atrás, estourando tudo. Um estava cheio de criança.
Você viu o homem baleado?
Vi, foi na hora em que a gente correu para dentro da favela. A maior parte era de mulher (correndo), e a GCM dando tiro nessa hora. Era tiro mesmo.
Como acabou o confronto?
Fui pedindo para pararem, falei das crianças (antes reunidas por causa da marmita) e eles foram se acalmando. Eram mais de 40 GCMs só dentro da favela. No confronto, tinham uns 20 moradores.