
07 de agosto de 2010 | 00h00
Samba. Apresentação de dez minutos teve participação de artistas em roupas cotidianas
Apesar de ter sido anunciada na TV, a apresentação que homenageou ontem o centenário de Adoniran Barbosa, no saguão da Estação da Luz, centro de São Paulo, surpreendeu até quem chegou com antecedência para assisti-la. Inspirada na flash mob - reunião rápida e espontânea em local público, geralmente organizada por jovens -, começou pontualmente ao meio-dia, mas de forma inusitada e camuflada.
Vídeo Homenagem Adoniran Barbosa
Um mendigo entrou sorrateiramente no saguão para pedir esmolas e chegou a assustar algumas pessoas. Mas, em poucos segundos, uma conhecida voz surgia do além e anunciava: "Essa é a minha maloca!" A partir daí, todos se deram conta de que o pedinte fazia parte do espetáculo que acabara de começar.
Trinta bailarinos, misturados ao público com roupas comuns, surgiam de todas as partes e entravam no círculo de espectadores que rapidamente se formou. Ao som dos principais sucessos do compositor paulista, eles cantaram, dançaram e logo convidaram o público a acompanhá-los. A coreografia terminou com a formação de um grande vagão humano, ao som de Trem das Onze. Tudo em apenas dez minutos, encerrados com aplausos e uma explicação sobre a homenagem ao sambista.
"Foi curtinho, mas gostoso. Valeu por uma eternidade", disse a dona de casa Maria Aparecida Paes, de 63 anos. Assim como ela, a costureira aposentada Juracy Pedrosa, de 69 anos, adora dançar e foi até a Luz especialmente para ver o espetáculo. Ela chegou a segurar a bolsa ao ver o bailarino-mendigo, mas pouco depois foi a primeira a entrar na dança. "Morei no Jaçanã e ia à estação de trem quando tinha filmagem com o Adoniran. Quem estava lá de curioso eles chamavam para participar", lembra.
Já o motorista aposentado Pedro Araújo, de 69 anos, passava por acaso pela estação e decidiu entrar ao ouvir a música. Ele não sabia dizer quem foi Adoniran e muito menos que ontem ele faria 100 anos. "Mas as canções eu conheço desde moleque."
Promovido pela São Paulo Turismo (SPTuris) e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o espetáculo foi elaborado pela coreógrafa do Instituto de Artes do Brasil, Nanah Pereira. "A ideia era mesmo surpreender as pessoas e convidá-las a se juntar ao grupo para transformar a intervenção em uma grande festa", diz Nanah. Filha de um maestro e uma cantora de rádio que trabalharam com o compositor, ela tirou do próprio acervo o material sonoro. "Tenho gravações originais de discos e da voz dele."
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