03 de novembro de 2013 | 02h07
Segundo a transcrição de escutas telefônicas obtidas pelo Estado, em 16 de julho deste ano, às 17h23, Rodrigues diz a um interlocutor que iria procurar os dois petistas quando ele e os demais fiscais presos pelo esquema - Eduardo Horle Barcellos, Luis Alexandre Cardoso Magalhães e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral - haviam sido chamados para depor na Controladoria-Geral do Município, órgão chefiado por Mário Vinícius Claussen Spinelli, que conduziu as investigações, em parceria com o Ministério Público Estadual. O depoimento de Rodrigues ocorreu 45 dias antes da prisão do grupo.
Fiorilo, presidente da CPI dos Transportes, admite ter se encontrado com Rodrigues no dia 19 de julho, quinta-feira, no intervalo de uma sessão da Câmara Municipal.
"Ele disse que estava sendo perseguido. Eu disse que não tinha como ajudar. Ele contou que estava sendo perseguido pela gestão do PT e que precisava de ajuda. Afirmei que a Controladoria-Geral do Município era independente e que ele deveria procurar um advogado", afirmou o parlamentar.
O vereador disse que nunca se encontrou com Rodrigues em seu diretório na zona leste. "Atendi Rodrigues em uma quinta-feira, durante um intervalo da sessão da CPI."
Donato também confirmou o encontro. Em nota, disse que "recebeu o servidor, que argumentou perseguição na investigação da controladoria", mas afirmou que "o assunto não era da alçada da secretaria, que a CGM é um órgão autônomo e tem procedimento puramente técnico". Segundo a nota, "após o encontro, o secretário informou ao controlador-geral Mário Spinelli o teor da conversa".
Donato foi questionado e negou ligação com esquemas de envio de dinheiro. O secretário admitiu ter indicado Rodrigues para trabalhar na São Paulo Transporte (SPTrans) na gestão Haddad. Disse que a indicação foi feita antes que houvesse investigações contra ele.
A versão contradiz a Prefeitura, que recebeu denúncia sobre o esquema de corrupção envolvendo Rodrigues no ano passado, conforme o Estado revelou ontem. A equipe de transição, chefiada por Donato, recebeu cópia das acusações.
Na nota, o secretário disse que conheceu Rodrigues na Câmara, enquanto era vereador, mas que nunca se encontrou com os outros suspeitos. "Rodrigues compareceu diversas vezes ao Legislativo, representando o secretário de Finanças da gestão passada, Mauro Ricardo."
Amante. Outras interceptações telefônicas mostram conversas do auditor Luis Alexandre Magalhães com sua amante que comprometem vários servidores. A mulher ameaça denunciar Magalhães e cita mais 14 pessoas, além dos fiscais já presos. Fala também "sobre como o dinheiro entrava e saía e sobre o esquema da Odebrecht, que fazia as notas fiscais frias". A construtora nega envolvimento no esquema.
As ameaças, no entanto, foram feitas quando o controlador Spinelli e o promotor Roberto Bodini já investigavam o esquema e preparavam a prisão dos acusados.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.