SÃO PAULO - Apontado como o "criador" da quadrilha que operava o esquema de propinas na Secretaria Municipal de Finanças, o auditor fiscal Amilcar José Cançado Lemos compareceu ontem ao Ministério Público Estadual (MPE) e foi interrogado novamente pelo promotor Roberto Bodini. Ele voltou a negar qualquer ligação com a máfia que desfalcou os cofres públicos. Seu advogado, Francisco de Paula Bernardes Júnior, não quis comentar detalhes da oitiva desta terça-feira, 8.
Depoimentos colhidos pelo Grupo de Combate a Delitos Econômicos (Gedec) do MPE no decorrer das investigações apontam que Lemos teria ensinado o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães a operar o esquema de dentro da Secretaria de Finanças.
Em um dos casos, representantes da incorporadora Tarjab confirmaram pagamentos de propina a Lemos.
O acusado é apontado como criador de uma matemática que apaziguou os fiscais que seriam corruptos na secretaria. Ele teria uniformizado os porcentuais de propina e impostos recolhidos no esquema.
No entanto, depois de brigas com os demais acusados, segundo o MPE, ele sofreu um "golpe de Estado" e foi retirado da liderança da quadrilha. Isso aconteceu no momento em que Ronilson Bezerra Rodrigues foi elevado ao posto de subsecretário da Arrecadação da capital.