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Fim de uma época, início do desmanche do filme de autor

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Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Foi inútil a mobilização de cinéfilos para evitar o fechamento do cine Belas Artes, mas não para alertar exibidores sobre a existência de um público interessado em filmes de autor, expressão que pode cair em desuso se o poder hegemônico do cinema de entretenimento continuar sendo uma ameaça às salas alternativas.Formadoras de críticos e realizadores, foram essas salas resistentes ao circuito dos shoppings - cuja programação privilegia os filmes americanos - que revelaram aos cinéfilos a existência de produções independentes dos países europeus, latinos e asiáticos. O Belas Artes, por exemplo, ressurgiu como cinema de arte em 1967, época áurea do cinema francês de Godard e Truffaut, diretores apresentados e discutidos em sessões acaloradas por futuros cineastas, inspirados pelo exemplo da nouvelle vague francesa.Os cinemas de rua foram focos de articulação contra governos tirânicos que censuravam filmes, do Paissandu, no Rio, que deu nome à geração que enfrentou a ditadura nos anos 1960, ao cine Marachá, na Rua Augusta, frequentado por cinéfilos nos anos 1970. Por essas salas passaram filmes marcados pelo elogio da diversidade, hoje ameaçada pela uniformização cultural ditada pelos exibidores.

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