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Fechamento de comércio em São Paulo por coronavírus deve afetar 117 mil lojas

Shoppings e lojas de rua não poderão abrir na capital até o dia 5 de abril; já bares e restaurantes terão de cumprir regras de higiene

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

A partir desta sexta, 20, parte do comércio de São Paulo, incluindo lojas em shoppings, será fechada para conter a disseminação do coronavírus. A decisão veio por meio de decreto da Prefeitura de São Paulo. Segundo estimativa da Fecomércio-SP, 117 mil lojas serão afetadas com a medida. 

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Bares, padarias e restaurantes poderão abrir, mas com reforço nas regras de higiene. Nesses locais, será necessário obedecer ao espaçamento mínimo de 1 metro entre as mesas, oferecer gratuitamente álcool em gel para os clientes, reforçar a limpeza e distribuir informações sobre a covid-19. Também será possível que estabelecimentos possam funcionar por meio do sistema de delivery. A determinação é válida até 5 de abril. 

Pelo menos 200 shopping centers do País já trabalham com horário de funcionamento reduzido ou até estão fechados por causa do novo coronavírus, segundo levantamento da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). É um pouco mais de um terço do total dos empreendimentos em operação. O setor de shoppings movimentou no ano passado R$ 192 bilhões e respondeu por 2,7% de toda a riqueza gerada na economia brasileira e 15% das vendas do varejo. Só o Estado de São Paulo reúne cerca de 180 empreendimentos de um total nacional de 577.

Além dos shoppings, o comércio de rua também não poderá funcionar em São Paulo. Nas contas de Ivo Dall’Acqua Junior, vice-presidente da Fecomércio-SP, entre shoppings e comércio de rua, 117 mil lojas serão afetadas por essa medida. Esses estabelecimentos empregam 353 mil pessoas.

Baixo movimento de consumidores na Rua Ladeira Porto Geral, área de comércio popular no centro de São Paulo Foto: Felipe Rau/ Estadão - 18/3/2020

Para atenuar a crise, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo fechou acordo com sindicatos patronais, dos lojistas e do setor de materiais de construção, e com a Fecomércio-SP para que as horas paradas durante o período de crise sejam acumuladas em um banco de horas e compensadas posteriormente. 

“É o primeiro acordo no País para garantir o emprego”, diz o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah . “Não temos condições de deixar os empregados sem salários agora”, lembra o vice-presidente da Fecomércio-SP. Entidades do comércio varejista não sabem avaliar qual será o impacto dessa paradeira no setor. “Todo mundo vai perder, será um baque nas vendas de março”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes. 

E-commerce

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Uma das saídas para as lojas virarem o jogo é apostar nas vendas online. Apesar de ter crescido rapidamente nos últimos anos, o e-commerce representa hoje menos de 5% do faturamento total do varejo.

Para o presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, Leonardo Palhares, a ampliação dos negócios online por causa da crise deve ser mais rápida nos extremos: entre grandes varejistas que já investem pesado nesse segmento e também entre os pequenos, que vendem por meio de shoppings virtuais. Já a virada de chave para empresas de médio porte deve ser mais complicada.

O Magazine Luiza começou a vender com frete grátis desde quarta-feira produtos ligados ao coronavírus (álcool em gel, nebulizadores). De carona, também dá frete grátis para outros itens cujo valor da venda seja superior a R$ 99. Procurada, a rede não informou sobre fechamento das lojas físicas.

A Via Varejo, dona da Casas Bahia e do Ponto Frio, informa que terá um plano de contingenciamento para o fechamento de lojas e campanhas para vendas online com frete grátis.

Na contramão, a Leroy Merlin lidera um movimento para obter a chancela de “caráter essencial” e de “primeira necessidade” a fim de que as lojas não sejam fechadas. Alain Ryckeboer, CEO da Leroy Merlin no Brasil, disse ao Estado que na França, Itália e Polônia as lojas de materiais de construção não foram fechadas porque foi reconhecido o fato de que esses estabelecimentos vendem itens básicos para a moradia, além de produtos como luvas, máscaras e álcool em gel. A empresa enviou pedido ao governo federal e às autoridades estaduais e municipais para continuar aberta.

Mudanças

  • Comércio fechado

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O decreto determina o fechamento do comércio de São Paulo. A medida vale para lojas com atendimento presencial. Casas noturnas e salões de festas também deverão permanecer fechados. 

  • Prazo

A regra de fechamento vale a partir desta sexta, durante 15 dias. 

  • Exceções

O fechamento não vale para estabelecimentos como farmácias, mercados, quitandas, peixarias, feiras livres, lojas de conveniência, distribuidoras de água e gás, padarias, bares, lanchonetes e postos de combustível. 

  • Regras

Bares, padarias e restaurantes abertos terão de cumprir regras adicionais: espaçamento mínimo de 1 metro entre as mesas, oferta gratuita de álcool em gel para seus clientes, reforçar a limpeza e distribuir informações sobre a covid-19. 

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  • No Estado

Há recomendação de fechamento, por parte do governo do Estado, de igrejas e templos, além de academias de ginástica. 

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