Qual é a importância de ter o projeto premiado?
Ficamos muito honrados. Trabalhar com um inspirado time de designers brasileiros e com a Secretaria Municipal de Habitação tem sido gratificante. Começamos a pesquisar Paraisópolis há seis anos. A ideia para este projeto veio quando observamos e discutimos com moradores sobre a necessidade de mais espaços culturais.
Quão importante é ter projeto em um local como Paraisópolis?
Há mais de uma década fazemos projetos em favelas de Caracas, e aprendemos que essas são as áreas mais interessantes da cidade. Obviamente, existem complicadas questões associadas a favelas: a redução da pobreza, a construção de habitações sociais, a redução da violência e a infraestrutura.
O que o senhor pensa sobre o urbanismo paulistano?
A pressão que existiu para a disponibilidade de mais terras para uma população crescente resultou em rituais de caos. A tipologia das vias urbanas e do próprio carro como meio de transporte pessoal atingiram uma extremidade finita para o desenvolvimento mais abrangente. A demanda das cidades, em termos de volume de transporte, cresce e muda mais rapidamente do que as soluções.
As características desse projeto tentam reduzir a segregação?
Embora o projeto seja em Paraisópolis, acreditamos que por a escola de música ter um teatro, onde a orquestra e a companhia de balé da favela serão alojadas, poderá atrair, sim, pessoas de toda a cidade.
O senhor acredita no potencial transformador desse projeto?
Assim como comida, água, educação e saúde são direitos humanos fundamentais, também o são o acesso à moradia adequada, ao espaço público, à cultura, à mobilidade e à infraestrutura. No entanto, esses direitos são frequentemente negados ou negligenciados e, portanto, como designers e arquitetos urbanos, sentimos que temos a obrigação de conceber e ajudar a construir soluções.