
16 de dezembro de 2012 | 02h03
Na última semana, as imagens de Brasília ganharam o mundo nos obituários de seu principal criador, Oscar Niemeyer, que morreu no dia 5. Para preservar esse legado, a família do arquiteto se uniu agora ao Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) na crítica à decisão do governo do Distrito Federal de contratar uma empresa de Cingapura para planejar os próximos 50 anos da capital do País. Na sexta, foi lançada a campanha "Niemeyer sim! Brasília By Cingapura Não".
O contrato de "planejamento estratégico" com a empresa Jurong Consultants foi assinado em Cingapura pelo governador Agnelo Queiroz (PT) no início de outubro. Todo o processo foi feito sem licitação e sem participação de brasileiros, motivando uma campanha contrária do IAB, que agora ganhou reforço da Fundação Oscar Niemeyer.
"Fomos pegos de surpresa, não tivemos a oportunidade de participar do processo", disse o secretário executivo da Fundação, Carlos Ricardo Niemeyer - bisneto do arquiteto -, na cerimônia de anteontem. O prédio do IAB-RJ passou a se chamar "Casa do Arquiteto Oscar Niemeyer".
Carlos ressaltou que a família esteve preocupada com o estado de saúde de Niemeyer nos últimos meses e, por isso, não pôde dar atenção ao caso Jurong. "Mas é uma preocupação nossa. Precisamos entender o que pode ser feito. No mínimo, que haja uma discussão apropriada com a cidade a respeito de seu futuro." Ele ressaltou que o fato de se tratar de empresa estrangeira não é um problema em si, mas o processo configura "agressão ao plano de Lúcio Costa".
'Técnica inovadora'. Em outubro, o secretário de Assuntos Estratégicos do DF, Newton Lins, disse que a Jurong foi escolhida por apresentar "técnica inovadora de análise territorial" e possuir "larga experiência em macrozoneamentos, com portfólio invejável de projetos pelo mundo". "A essência é mais de desenvolvimento econômico do que urbanístico. O mais importante é atrair investimentos. Ficam assustados porque é algo novo."
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