Família de ciclista morto vai cobrar RJ

Advogado de parentes de vítima de acidente com filho de Eike Batista quer culpar Estado por não computar multas e permitir emissão de CNH

PUBLICIDADE

Por Antonio Pita e RIO
Atualização:

Com a confirmação de que a habilitação de Thor Batista, de 20 anos, tinha 51 pontos em infrações, o Estado do Rio de Janeiro também pode ser responsabilizado pelo atropelamento e morte do ciclista Wanderson Pereira da Silva, de 30, no sábado, na Baixada Fluminense. A interpretação é do advogado da família da vítima, Cleber Carvalho. Segundo ele, "se for comprovado que existiam as multas e infrações que não foram computadas pelo Detran, então o governo também é culpado". De acordo com o histórico de sua Carteira Nacional de Habilitação, nos últimos 18 meses Thor Batista recebeu 11 multas - 5 por excesso de velocidade. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, o condutor que tiver mais de 20 pontos deve ter a habilitação suspensa. A punição não teria acontecido com o filho do empresário Eike Batista porque as pontuações não foram computadas pelo Detran no prazo previsto na lei. Em nota, o Detran informou que não pode divulgar informações sobre os condutores e suas infrações por exigência legal. O órgão informou também que as sanções e suspensões de habilitação só podem acontecer após os motoristas apresentarem sua defesa em três instâncias. "O Detran só pode punir condutores cujas infrações tenham transitado em julgado." Após a revelação do histórico de multas, na noite de segunda-feira, Eike disse que o filho não sabia das infrações e da sua pontuação. Pelo Twitter, o empresário perguntou aos internautas se ninguém "nunca andou a 72 km/h onde só se pode andar a 60 km/h?" Ele afirmou ainda que "provavelmente" também está com a carteira vencida. "Como saber se você não é informado?" Hoje, Thor presta depoimento na Delegacia de Xerém, na Baixada Fluminense. Na madrugada de segunda-feira, o jovem publicou no Twitter fotos dos ferimentos que sofreu no acidente e disse estar abalado com a situação. "Minha mãe (a ex-modelo Luma de Oliveira) e eu estamos rezando pelo bem da família do Wanderson. Que Deus os proteja. Adoraria dar um abraço na Vicentina (mãe de criação da vítima)." Segundo relato de Thor publicado na internet, o ciclista teria cruzado as duas pistas da Rodovia Washington Luís e foi atingido lateralmente pelo Mercedes que o jovem dirigia. Thor também afirmou que estava dentro da velocidade permitida e que isso poderia ser comprovado pelo fato de o sistema de airbag não ter sido acionado. A versão é contestada pelo especialista em perícia automotiva Márcio Montesani. Segundo ele, a velocidade não tem relação com o sistema de segurança dos carros. "O que ocasiona a abertura dos de airbags é a desaceleração diante de um forte impacto. Como a bicicleta é leve e desliza sobre o carro, dificilmente o sistema seria acionado." Na manhã de ontem, nova perícia foi realizada no Mercedes, na casa de Eike Batista, dono do carro, onde o veículo está desde a noite do acidente. Cleber Carvalho disse que o carro deveria estar sob custódia da polícia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.