Falta de patrocínio fecha estações de bicicleta no Metrô

12 das 17 paradas estão sem atendimento; segundo companhia, instituto responsável pelo serviço teve 'problemas de gestão'

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Por CAIO DO VALLE
Atualização:

Se já era complicado, ficou um pouco mais difícil se locomover de bicicleta na cidade de São Paulo. Um dos principais projetos para integrar as magrelas ao sistema público de transportes, a rede de bicicletários do Metrô está parcialmente fechada desde o fim de 2012. Das 17 estações em que o serviço era oferecido, as atividades se encerraram em 12, deixando muitos ciclistas sem opção de empréstimo ou de estacionamento para suas bikes.É o caso da professora Miriam Ferrari, de 43 anos, que guardava a bicicleta no posto de atendimento da Estação Vila Madalena, na Linha 2-Verde, já fora de operação. Para ela, o fechamento mostra o descaso do poder público com quem anda sobre duas rodas na capital. "Vai na contramão até da tentativa de melhorar a fluidez dos carros, pois desestimula motoristas que poderiam ir de bike."Jornaleiro em uma banca ao lado do bicicletário desativado, Carlos Orlei, de 59 anos, conta que o espaço deixou de existir de repente há dois meses e que muita gente ainda é pega de surpresa. "Tem quem chega de bicicleta para guardá-la e acaba tendo que acorrentá-la na árvore da calçada." O movimento de ciclistas, afirma, era considerável no posto, que abriu em 2008.Com o término do serviço, pichações foram feitas na estrutura de metal que abrigava o bicicletário. "Assim abandonado, degrada o entorno", comenta a publicitária Camila Laguzzi, de 27 anos, que trabalha na região.As outras estações que enfrentam problemas semelhantes são Sé, Brás, Carrão, Corinthians-Itaquera, Santa Cecília e Marechal Deodoro, na Linha 3-Vermelha, e Vila Mariana, Paraíso, Santana, Liberdade e Armênia, na Linha 1-Azul. Nelas, os pontos de aluguel e parada de bicicletas fecharam as portas ao longo dos últimos meses. O Metrô alega que, "por problemas de gestão", o Instituto Parada Vital, ONG responsável pela manutenção dos bicicletários, "não cumpriu o acordo que tinha, (...) deixando de oferecer o serviço em algumas estações". Procurada, a instituição informou que "ficou momentaneamente sem patrocinador" e, por isso, teve que fechar os bicicletários de modo temporário. Também disse que a reabertura está prevista para fevereiro.Entretanto, a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, que administra o Metrô, divulgou que ela própria "busca novos parceiros para a oferta do serviço". Um plano de contingência faz com que os bicicletários operem em cinco estações: Anhangabaú, Palmeiras-Barra Funda e Guilhermina-Esperança, na Linha 3, Butantã, na Linha 4-Amarela, e Jabaquara, na Linha 1-Azul. Nas três primeiras, só é possível estacionar as bicicletas. Nas demais, também se oferece o empréstimo.O aluguel é feito depois de um cadastro, que requer a apresentação de cópia e original de um documento com foto, comprovante de residência e cartão de crédito. A primeira hora é grátis, mas as outras têm um custo de R$ 2 cada. Ainda há bicicletários na PUC, na zona oeste, em São Mateus, na zona leste, e em Santo André, no ABC. Retrocesso. Para o cicloativista Willian Cruz, de 39 anos, que mantém o site Vá de Bike, a situação configura um "retrocesso" das políticas de estímulo ao uso das magrelas em São Paulo. "Os bicicletários são muito importantes porque, diferente dos carros, você não pode parar a sua bicicleta em qualquer lugar, porque os furtos são comuns. Ainda mais sendo no Metrô, essa é uma situação que precisa ser resolvida rápido. Muita gente usa esses espaços para guardar a bike e ir trabalhar."No ano passado, só nos bicicletários fechados, foram feitos cerca de 22 mil empréstimos.

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