Falta de coordenação prejudica resgate de vítimas e distribuição de donativos

No domingo, doações feitas para vítimas da tragédia na região serrana do Rio permaneciam a céu aberto e mal protegidas da chuva em Teresópolis; número de mortos chegou a 641

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

RIO/TERESÓPOLIS - A falta de organização fez com que doações para vítimas da tragédia no Rio permanecessem, até a manhã de ontem, entulhadas a céu aberto e mal protegidas da chuva persistente em Teresópolis. Enquanto isso, várias aeronaves, incluindo cinco do Exército e outras comandadas pela Força Nacional, estavam paradas no campo da Granja Comary, transformado em base aérea das operações de resgate. Local de treinamentos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o campo virou depósito de água, comida, material de higiene e roupas.

 

A Polícia Civil do Rio informou na manhã desta segunda-feira, 17, que 641 corpos já foram resgatados na região serrana do Rio. De acordo com o último relatório da instituição divulgado hoje, foram resgatados 217 corpos em Teresópolis, 292 em Nova Friburgo, 55 em Itaipava (distrito de Petrópolis), 19 em Sumidouro e 4 em São José do Vale do Rio Preto.

 

 

PUBLICIDADE

Helicópteros. Para justificar os helicópteros parados, autoridades do Exército culparam as péssimas condições meteorológicas. Mas helicópteros da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros voaram à vontade, ignorando a chuva que caiu ontem de manhã. Comandado pelo experiente piloto Adonis Oliveira, da tropa de elite da polícia, o Caveirão da Polícia Civil fez dois voos para levar mantimentos a pessoas isoladas em Santa Rita e Santana, resgatar idosos e transportar médico, enfermeiros e remédios.

 

No início da tarde, partiu para mais uma missão, carregado de comida, água, remédios e óleo diesel para geradores. Enquanto isso, das cinco aeronaves do Exército, duas só alçaram voo no início da tarde para levar um médico da polícia à Vila Salamaco e resgatar uma jovem doente mental.

Os próprios soldados comentavam na Granja Comary o absurdo de os helicópteros permanecerem parados. Segundo um deles, uma das aeronaves grandes estava havia dois dias sem voar, com toda a tripulação à disposição. Quem também reclamava muito era o engenheiro Antônio José Fusco, de 42 anos, morador da granja. "É inacreditável ver esses helicópteros parados quando há tanta coisa para carregar."

 

 

(Com Marcelo Auler e Pedro Dantas)

Publicidade

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.