PUBLICIDADE

Falha em sensor causou apagão, diz concessionária

Segundo CTEEP, defeito ocorreu em um relé, peça que fecha circuito elétrico em caso de pane; falta de luz na 5ª afetou 700 mil

Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

O apagão que deixou sem luz cerca de 700 mil pessoas nas zonas oeste e sul da capital paulista na noite de quinta-feira passada foi provocado por falha em um relé, uma espécie de sensor eletrônico que fecha circuitos elétricos em caso de pane. Segundo a explicação oficial dada ontem pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), concessionária privada de transmissão de energia elétrica, o relé operou indevidamente e acionou a barra de proteção, desligando automaticamente os transformadores da Subestação Milton Fornasaro, no Jaguaré, zona oeste. "Foi um defeito no sistema de proteção, que atuou como se houvesse uma falha nas barras da subestação, sendo que essa falha não existia", informou a CTEEP, em nota, afirmando que está "avaliando mudanças para melhorias no sistema". Em reunião com o secretário de Estado de Energia, José Aníbal, representantes da CTEEP explicaram ontem que já substituíram o relé com defeito e cobrariam uma posição do fabricante - cujo nome não foi informado."Um relé informou o disjuntor equivocadamente. De qualquer maneira, dissemos que isso é manutenção", afirmou José Aníbal. "Disseram que iam falar com o fabricante, mas e daí? "O apagão da semana passada ocorreu por volta das 19 horas e, embora um dos transformadores tenha sido restabelecido meia hora depois, alguns bairros ficaram até duas horas sem luz, à espera da normalização da subestação."Sem sentido". A explicação da CTEEP causou estranheza ao professor aposentado da Escola Politécnica da USP José Antônio Jardini, especialista no tema. "Mesmo no caso de uma operação indevida do relé, é difícil desligar toda a subestação, como ocorreu. Algo não está fazendo muito sentido nessa história", afirmou o especialista.Por meio da Secretaria de Energia, o governo do Estado formalizou ontem pedido para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) multe de forma "exemplar" a CTEEP. Segundo a Aneel, de 2002 a 2010, a CTEEP foi autuada 11 vezes, em um valor total de R$ 11,4 milhões. Em fevereiro deste ano, entretanto, o apagão que atingiu a Subestação Bandeirante, na zona sul, e afetou cerca de 2,2 milhões de pessoas não recebeu punição da Aneel.No encontro com a CTEEP, o secretário de Energia sugeriu que a operação das 16 subestações de energia da Grande São Paulo seja digitalizada. A empresa informou que o custo é de R$ 25 milhões por subestação e tal investimento dependeria da aprovação da Aneel. "Vamos defender junto à Aneel que o consumidor não seja penalizado por novo custo para dar mais segurança ao sistema", disse Aníbal. Manutenção. A CTEEP informou que nos últimos dois anos a Subestação Milton Fornasaro recebeu investimentos de R$ 20 milhões. E todo o sistema passou por verificação de meados de 2010 a janeiro deste ano, sem qualquer anormalidade.

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.