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Ex-PM e GCM são absolvidos de maior chacina da história de SP

Presos há mais de cinco anos por suspeita de participação em ataques em Osasco e Baruri, o ex-PM Victor Cristilder e o GCM Sérgio Manhanhã foram inocentados em novo julgamento

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - Em novo julgamento, o Tribunal do Júri absolveu nesta sexta-feira, 26, o ex-cabo da Polícia Militar Victor Cristilder e o guarda-civil Sérgio Manhanhã, que eram acusados de participar da maior chacina da história de São Paulo. O massacre, ocorrido em agosto de 2015, terminou com 17 mortos e sete feridos em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo.

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Cristilter e Manhanhã, que sempre alegaram inocência, eram apontados como partícipes da série de ataques. Para o Ministério Público (MPE-SP), responsável pela acusação, eles teriam se juntado a outras pessoas para formar uma milícia e vingar a morte de um PM e GCM dias antes da chacina. Nenhuma das vítimas do massacre tinha relação com os assassinatos dos agentes de segurança.

Levados a julgamento anteriormente, em 2017 e 2018, Manhanhã e Cristilder chegaram a ser condenados pelos homicídios, com penas que somavam mais de 220 anos de prisão. Após recurso da defesa, no entanto, a 7ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) anulou as sentenças em 2019 e mandou refazer o júri popular. Por unanimidade, os desembargadores entenderam que as condenações contrariavam as provas dos autos.

Ataque deixou 17 mortos e sete feridos Foto: Rafael Arbex/Estadão

Contra os dois, a principal prova era uma troca de “joinhas” no WhatsApp em horários que coincidem com o início e o fim da chacina. Para a promotoria, trata-se de sinais de ordem para os ataques. Já a defesa alegou no processo a conversa, por meio de figurinhas, era sobre o empréstimo de um livro de Direito.

Iniciado nesta semana, o segundo julgamento durou cinco dias e foi presidido pela juíza Élia Kinosita, do Fórum Criminal de Osasco, a mesma dos júris anteriores. Desta vez, entretanto, o Conselho de Sentença, formado por quatro mulheres e três homens, entendeu que não havia prova suficiente para condená-los e consideraram Cristilder e Manhanhã inocentes. 

Os dois foram mantidos em prisão preventiva desde o ano do massacre. Após ficar no Presídio Militar Romão Gomes, Cristilder havia sido recentemente transferido para Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros. Já Manhanhã estava detido em Tremembé.

Com a decisão do Conselho de Sentença, a juíza mandou expedir o alvará de soltura dos dois que, no entanto, ainda devem voltar às unidades prisionais antes de ir para casa. "Realizado hoje o novo julgamento, decidiram os senhores jurados pela absolvição dos réus Victor Cristilder Silva dos Santos e Sérgio Manhanhã da acusação de estarem em curso nos crimes inicialmente descritos", leu no plenário. 

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Em 2020, Cristilder respondeu, ainda, por mortes em Carapicuíba, na Grande São Paulo, ocorridas no episódio conhecido como "pré-chacina". Ele também foi inocentado neste caso.

Apenas duas pessoas seguem detidas pela chacina. São eles o ex-soldados da Rota Fabrício Eleutério (255 anos, 7 meses e 10 dias) e da Força Tática do 42.° Batalhão Thiago Heinklain (247 anos, 7 meses e 10 dias). Ambos tiveram a sentença confirmada em segunda instância, mas alegam inocência

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