Ex-comandante da Rota vira herói das histórias em quadrinhos

HQ traz versões de ações policiais protagonizadas pelo coronel Paulo Telhada, vereador pelo PSDB de São Paulo

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Atualizada às 22h41

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SÃO PAULO - Histórias do Coronel Telhada ganharam versão em quadrinhos, vendidas desde esta sexta-feira, 27, nas bancas de São Paulo e Rio de Janeiro. Com alterações nos fatos originais, o enredo não traz mortes. O material, lançado pela Editora Atreyu Studios, é vendido a R$ 5 e destinado a maiores de 16 anos.

Paulo Telhada, vereador pelo PSDB de São Paulo, ficou conhecido pela atuação no comando da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Entre 2009 e 2011, quando esteve no cargo, a Rota envolveu-se em acusações de abuso na morte de seis ladrões de caixa eletrônico, em agosto de 2010. No período, constam 80 elogios de superiores. "A comunidade de direitos humanos possui certas restrições em relação a ele", disse o presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Martim Sampaio.

"Pedi para pegarem mais leve" Foto: Reprodução

Dois casos são relatados nesta primeira edição. Policial Cristão conta a história de um tiroteio na Avenida Doutor Arnaldo, em Pinheiros, em janeiro de 1996.Quatro ladrões, que integravam a chamada "gangue do diabo", fogem após um assalto. Três acabaram mortos. Durante a perseguição, o capitão reflete: "Nos ensinam a ter calma, raciocínio rápido, mas só quem está na rua sabe como realmente é".

O cabo Gomes, que está em outra viatura, é baleado na ação, e Telhada fica espantado ao saber: "Impossível! Ele estava o tempo todo ao meu lado durante a perseguição". E o inesperado é dito por outro policial: "Ele foi ferido com um tiro do bandido assim que desceu da viatura. Quem correu ao seu lado só pode ter sido um anjo". Nenhuma das mortes está retratada nas imagens. Na versão lúdica, os bandidos aparecem como detidos. "Eu pedi para pegarem mais leve no começo para não assustar e causar mal estar", defendeu o vereador.

Outro lado. Para o vereador, a revista é uma possibilidade para as pessoas conhecerem o outro lado da Polícia Militar. "A PM paga uma pecha muito difícil. Por causa do regime militar, nós automaticamente somos chamados de assassinos, ditadores. Tem um pessoal que não gosta da gente", afirma.

No entanto, o coronel acredita que hoje a corporação é vista com bons olhos pela população, em sua visão, por estar refém da criminalidade. "O rapaz não pode sair do carro que ganhou do pai. O menino da favela que ralou para comprar um tênis não pode sair com ele à noite", disse. A revista servirá, segundo ele, para divulgar um trabalho que não é visto. "Não adianta trabalhar igual a um cavalo e não mostrar. Nossa pretensão é valorizar nossa tropa sofrida."

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A aposta surge no momento em que o vereador tem a intenção de se candidatar a deputado estadual pelo PSDB. Telhada aguarda posicionamento do partido para oficializar a candidatura.Ele descarta que o material seja propaganda eleitoral antecipada. "Alguém paga por uma propaganda? Se eu estivesse dando, com certeza seria. Mas com certeza os que não gostam de mim vão falar em autopromoção", declarou.

Super-heróis. Fã do Super-Homem, "um cidadão comum que por dentro quer mudar o mundo" e de Batman, o coronel planeja ainda criar quadrinhos com a história de outros policiais, se a empreitada for bem-sucedida. Telhada acredita que desde o episódio dos ataques do PCC em São Paulo, em 2006, a população passou a gostar dos PMs. "Apesar de trágico, foi muito interessante porque fez todos perceberem que, sem a PM, estariam perdidos", afirmou. Ele relatou que, depois dos atentados, os PMs passaram a ser abordados positivamente pela população nas ruas. "Eles diziam frases como 'Vão com Deus' e 'As pessoas estão orando por vocês'", afirmou. 

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