Cinco homens suspeitos de integrar a milícia que atua em Magé, na Baixada Fluminense, foram presos na manhã de ontem, durante operação conjunta do Ministério Público Estadual e da Secretaria de Estado de Segurança. Dois acusados estão foragidos.Entre os presos está o sargento da Polícia Militar Vandro Lopes Gonçalves, apontado como o chefe do bando. Em 2008, Gonçalves foi candidato a vereador pelo PSOL, mesmo partido do deputado estadual Marcelo Freixo, um dos primeiros a denunciar a atuação de milicianos e presidente da CPI das Milícias. "Ao que parece, ele não fez campanha - teve apenas cinco votos. Causa estranheza que tenha optado por concorrer por um partido como o PSOL. É possível que a candidatura tenha sido uma tentativa de tirar a credibilidade da legenda. Temos de investigar. O fato é que, se ainda estivesse no PSOL, ele seria expulso", afirmou Freixo. O deputado ressaltou que quando a filiação foi aceita não havia investigação contra Gonçalves. Mortes. A atuação da milícia em Magé chamou a atenção por pelo menos seis assassinatos ocorridos na região de Fragoso. "A quadrilha é extremamente cruel. Um adolescente que praticava pequenos furtos foi assassinado com tiro na nuca, sem chance de defesa. Uma das vítimas era um senhor que estava alcoolizado, sentado na calçada. Foi morto por estar bêbado e perturbar a ordem", contou o promotor Bruno Gangoni. Outro caso extremo foi o de Zenildo Honorato Rodrigues, morador do bairro morto em 2007. Em uma tarde em que um dos milicianos disparava para o alto, ele se aproximou do homem e pediu que parasse, pois os filhos brincavam ali perto. O criminoso mirou a cabeça do morador e atirou. Ao longo da investigação, descobriu-se que o bando atuava explorando o transporte ilegal (lotação e mototáxi) e sinal de televisão pirata. O subsecretário de Inteligência, Fábio Galvão, ressaltou que desde 2007 700 milicianos foram presos. "A população pode denunciar anonimamente esse tipo de atividade."