10 de janeiro de 2012 | 03h03
A jovem conta que na sexta-feira estava sentada na calçada na Rua Dino Bueno, quando policiais militares mandaram que ela levantasse. "Eu não saí da rua, o PM atirou." Antes do disparo, o policial teria mandado ainda que ela abrisse a boca. Na tarde de ontem, a jovem tinha bastante dificuldade para falar. Apesar de ter sido atendida em um posto de saúde e receber assistência do grupo religioso Cristolândia, ela reclama da dor causada pelo ferimento. A situação era agravada ainda pelos sintomas de abstinência. "Não estamos mais conseguindo achar drogas", relata. B. diz morar em Diadema, na Grande São Paulo, mas há muito tempo não tem contato com a família. "Minha mãe não sabe onde estou."
Além de tortura, o caso foi registrado como abuso de autoridade no 1.º DP (Sé) - o segundo do tipo desde que a operação começou. Em nota, a PM informou que foi usada munição porque usuários de drogas bloqueavam o trânsito. "Houve a necessidade de utilização da munição de elastômero", afirma o comunicado. A PM também convidou a jovem a comparecer ao Comando de Policiamento 1 para registrar a ocorrência na operação.
A Defensoria Pública está na cracolândia registrando queixas sobre violações de direitos humanos. O órgão recebeu relatos de agressões, atropelamentos e prisões forjadas. Entre as denúncias está a de uma mulher que teria sido obrigada a ficar nua. "É possível conciliar segurança pública com respeito aos direitos humanos. Vamos fazer relatos diários de eventuais desvios", afirma o defensor Carlos Weis.
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