
14 de abril de 2013 | 02h01
"A unidade em que eu fiquei devia ter quase umas 200 pessoas. No meu quarto, tinha 50 camas, mas eram 80 pessoas. Trinta dormiam no chão.
A coisa que eu mais detestei foram os funcionários. Qualquer coisa eles reclamam, querem bater na gente. Quando alguém faz alguma coisa errada, eles não 'arrastam' só ela, 'arrastam' é o quarto todo. 'Arrastar' é dar castigo, punição. Tinha um moleque que inventou de fazer greve de fome, ele e mais três. Eles apanharam, mas todo o quarto teve de pagar. Eles pedem pra gente sentar com as pernas cruzadas, um atrás do outro, colado no cara da frente. Tem de ficar com a cabeça baixa e não pode olhar para o lado. E fica assim por 1h, 1h30. E isso doía muito, mesmo, pode acreditar. Todo dia a gente tinha de sentar desse jeito. Quando você vai tomar banho, 'paga' uns dez minutos antes de entrar no chuveiro. Dizem que é pra ser organizado. Mas acho que é só para mostrar que a Fundação Casa não é brincadeira. Vi várias vezes baterem nos moleques, mas eu prefiro apanhar do que ter de pagar. Não desejo isso para ninguém." / R.B. e T.D.
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