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'Eu me recuso a casar sem mudar a documentação'

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Por Redação
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A burocracia da mudança de nome levou o merendeiro Franz Melo, de 41 anos, a procurar tardiamente o atendimento jurídico. Obteve a sentença em outubro passado. Para chegar à fase final do processo, houve uma lista de exigências, do laudo psicológico a depoimento de sua mulher, além de cópia de cartões e outros documentos.Para ele, é necessário que o País adote alguma regulamentação específica. "No Brasil ainda existe essa complicação toda e a gente sofre com o constrangimento do nome. Existe uma importância no nome, o verdadeiro nome. É importante para a nossa dignidade", afirma.Apesar de sempre ter se identificado como homem, Melo também demorou para contar à mãe sobre sua identidade - revelou no ano passado. "Eu não sabia como falar, só sentia e chorava sozinho. Se me perguntavam, dizia que estava com dor de dente, dor de barriga. Sempre tinha uma desculpa para a dor, que, na verdade, era na alma", diz Melo.A gerente de clínica estética Fernanda de Oliveira Leite, de 34 anos, espera há quatro anos a decisão pela mudança de nome na Justiça, mesmo depois de já ter entregue três laudos médicos e passado por um perito que, conta ela, demorou um ano e meio para recebê-la. Moradora de Jundiaí, a 58 km da capital, Fernanda buscou auxílio na Defensoria Pública quando iniciou uma graduação em Farmácia. Ela queria registrar os documentos já no nome com o qual se identifica. Hoje formada, Fernanda conta que ainda não retirou o diploma. O documento registra seu nome de nascimento. Também sonha em se casar com o atual companheiro, mas não agora. "Me recuso a casar no papel enquanto não mudar a documentação." Após conhecer seu noivo, que já chama de marido, fizeram uma pequena cerimônia com os familiares. Mas ainda é pouco: "Como posso me casar com meu marido e usar o convênio médico dele?" / L.F.T.

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