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''Estrada fortalece integração Andina''

Por Pablo Pereira
Atualização:

A ligação rodoviária entre Brasil e Peru é aspiração antiga e faz parte de um processo histórico de integração com vizinhos andinos. A afirmação é do embaixador brasileiro em Lima, Carlos Alfredo Lazary Teixeira. O chefe do Itamaraty no Peru disse ao Estado que outros eixos de ligação estão em planejamento, mais ao norte. E a Rodovia Interoceânica abre a porta para o comércio regional, além de facilitar o turismo para a Copa de 2014. "Nossa fronteira tem de ser uma linha de união, não uma barreira". O embaixador ressalta que os investimentos brasileiros no Peru já alcançam a casa dos US$ 3 bilhões. "Viemos para ficar. As empresas brasileiras estão dando um show de bola no Peru, com projetos que seguem rigorosamente o ambiente de inserção social, aproveitamento de mão de obra local e observação de normas ambientais. Queremos que as empresas se tornem empresas peruanas. Não são somente investimentos que logo se retiram", afirmou.Entre os principais projetos estão os de empresas como Odebrecht, Vale, Gerdau, Brasken e Petrobrás. Um dos principais eixos de negócios é o da indústria de energia e petroquímica, com expectativa de até US$ 15 bilhões sendo despejados no Peru na exploração de gás da bacia de Camisea, na região de Cuzco, transportado por gasoduto aos Portos de Matarani e Ilo, no sul do país. Ao norte, a Petrobrás opera a extração de petróleo. Tem também a exploração de gás em Camisea, em dois lotes - o 58, que é 100% Petrobrás, e o 57, com 47% de participação. A Gerdau também corre para operar em Chimbote, no litoral, projeto de US$ 450 milhões.Para o conselheiro comercial do Peru em São Paulo, Antonio Castillo, "os dois países vivem um momento de ouro". Só no complexo da soja, o Peru importa US$ 400 milhões do Brasil e a estrada que liga Assis Brasil a Puerto Maldonado vai permitir o acesso dos produtos brasileiros da Região Centro-Oeste a mercados não só do Peru, mas também de Equador e Colômbia, explica Castillo. Num primeiro momento, calcula o diplomata, o impacto da nova ligação rodoviária será local, além de ser uma porta aberta para o turismo.Segundo ele, há na região uma demanda por produtos da construção civil, como cal, cimento, aglomerados de madeira e até pedra. Além disso, o comércio de carnes brasileiras e de soja não-transgênica, produzida no Acre, também será beneficiado, afirma o peruano.De acordo com o administrador da Ormeño em São Paulo, Oscar Vásquez Solis, a linha ainda é deficitária. Em 16 viagens, desde novembro, transportou cerca de 1.100 passageiros. "Mas esperamos para o próximo ano equilibrar custo e receita. Aí poderemos estender a linha até o Rio."

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