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'Estava deitado quando ouvi o estrondo', diz vizinho de casal soterrado

O pedreiro José Ademir Mendes conseguiu sair de casa com a mulher e os dois filhos em Francisco Morato, na Grande SP

Por Juliana Diógenes
Atualização:
Família de Mendes teme voltar para casa após deslizamentos Foto: JULIANA DIÓGENES/ESTADÃO

FRANCISCO MORATO - Na Rua Raul Pompeia, em Francisco Morato, na Grande São Paulo, os corpos de um casal foram retirados por volta das 15 horas, após ficarem soterrados por causa das fortes chuvas que atingiram a região. Pelo menos 21 pessoas morreram no Estado. 

De acordo com testemunhas, a dona de casa Flávia e o marido, um açougueiro conhecido como Nenê, na faixa etária dos 50 anos, dormiam quando ocorreu o desabamento, por volta de meia-noite e meia. Muro com muro, está a casa do pedreiro José Ademir Mendes, de 44 anos, que teve o telhado da cozinha invadido pela areia que deslizou. 

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"Estava deitado, quando ouvi o estrondo. Minha esposa gritou, desesperada. Minha filha de dez anos acordou aos gritos, veio correndo pegar o irmão, de cinco anos, e saímos de casa os quatro. Minha esposa acabou desmaiando na rua, de tanto susto que foi", conta. Segundo ele, em dez anos que mora no local, esta foi a primeira vez em que precisou deixar a própria casa por medo de desabamento.

Amigo do casal, o pedreiro diz que não tinha do que reclamar dos vizinhos. "Ele (Nenê) era um cara bacana, um cara legal. A gente conversava da laje. Quando caíam brinquedos do meu filho lá, ele devolvia. Foi muito triste o que aconteceu", relatou.

Mendes deixou a casa por volta de 1 hora da manhã e retornou somente no fim desta tarde para recolher os pertences. A família vai para a casa de parentes. O pedreiro, que pretende voltar a morar no local, agora precisa convencer a esposa e os dois filhos. "Eles não querem voltar. Minha mulher ficou muito assustada porque ouviu gritos da Flávia, que morreu. Ela já não dorme quando está chovendo. Morre de medo. Vamos aguardar um pouco e ver como vai ser", afirmou.

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