
20 de fevereiro de 2015 | 21h44
SÃO PAULO - Convivendo com ruas e casas alagadas há quatro dias, os moradores da Vila Itaim, na zona leste da capital, vão ter de esperar a água baixar por conta própria. O superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Ricardo Borsari, admitiu que “não há muitas ações que possam ser feitas” para resolver o problema a curto prazo. Representando o governo do Estado, ele se reuniu com o prefeito Fernando Haddad (PT) nesta sexta-feira, 20, para discutir medidas para combater os alagamentos recorrentes na região.
Para Borsari, há apenas duas soluções: retirar as famílias ou construir um pôlder - um dique que minimizaria o impacto do transbordamento do Rio Tietê. A obra já foi prometida em 2013, em uma parceria entre a Prefeitura e o Estado. Em 2009, a região ficou alagada por três meses. “Não sei precisar quanto tempo vai demorar para baixar a água desta vez. Mas nós vamos ter de conviver e apoiar a população”, disse Borsari.
O projeto básico do DAEE estima que cerca de 370 famílias são atingidas pelos alagamentos na Vila Itaim. “Na verdade, ali são vasos comunicantes, entre a rede de drenagem, que levam água para o rio. Quando o nível do rio está mais alto, a água acaba se estabelecendo no mesmo nível das ruas”, afirmou. “Quando você faz o pôlder, isola o rio e faz com que toda a água da drenagem local seja encaminhada para o reservatório e depois bombeada de volta.”
Com a volta das enchentes na Vila Itaim, a Prefeitura chegou a instalar quatro bombas, com capacidade para drenar 80 litros por segundo, na tentativa de escoar a água. A iniciativa, no entanto, não surtiu o efeito esperado e o nível do alagamento continuou descendo lentamente.
Prefeitura e Estado prometem continuar oferecendo assistência aos moradores. Além de cesta básica, também são distribuídos materiais de limpeza, colchões e cobertores. “Se houver risco em alguma casa, a família também será removida”, disse Haddad.
Licitação. Após a reunião, Borsari também anunciou que o Estado vai licitar a obra para a construção do pôlder até abril. A previsão é que a construção comece no segundo semestre deste ano, para evitar alagamentos no próximo verão. A obra está orçada em R$ 63 milhões.
Questionado por que a construção não foi feita antes, Borsari respondeu que os recursos da gestão estadual e da Prefeitura são limitados.
Haddad afirmou que só vai remover as famílias das áreas atingidas quando a empresa responsável pela obra do pôlder for contratada, para evitar que a área seja reocupada. “Nesse caso, você vai ter custos a mais desnecessariamente”, disse.
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